Mohammad Ghoochani, chefe de redação do «Mardom e-Emruz», disse à agência de notícias Tasnim que o jornal foi obrigado a fechar. Embora o jornal não tenha expressado apoio a «Charlie Hebdo» ou aos sentimentos da estrela norte-americana, a Junta Supervisora de Imprensa considerou a manchete «obscena».
Manchete de 17 de janeiro do «Mardom e-Emruz»
O jornal britânico «The Independent» refere que o Governo do Irão condenou o ataque jihadista contra a redação do «Charlie Hebdo», mas também o próprio jornal, dizendo que a publicação de caricaturas de Maomé é uma «provocação» e um insulto ao Islão. A tradição islâmica proíbe qualquer representação do profeta Maomé, considerando-a uma blasfémia. A mais recente capa do «Charlie Hebdo», cuja tiragem foi aumentada para sete milhões de exemplares, tem provocado vários protestos no mundo muçulmano.
De acordo com a agência espanhola EFE, o vice-ministro iraniano da Cultura para Assuntos de Imprensa, Hossein Entezami, disse que o jornal «Mardom e-Emruz» já tinha sido advertido, há uma semana, por publicar uma foto e uma manchete sobre o semanário francês «Charlie Hebdo».
O «Mardom e-Emruz» começou a ser publicado no Irão a 15 de dezembro de 2014.
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Desde que o presidente iraniano, Hassan Rohani, chegou ao poder, em agosto de 2013, foram fechados vários jornais, entre eles o reformista «Bahar», proibido por ter publicado artigos considerados ofensivos contra o islamismo. O «Ebtekar» também foi fechado, mas uma semana depois voltou a circular.
Durante a campanha eleitoral, Hassan Rohani prometeu aumentar a liberdade de imprensa no país. Dos jornais conservadores, o «9 Dey», crítico do Governo, foi fechado em meados de março de 2014 e voltou a ser publicado um mês depois.
As restrições à imprensa abriram uma luta entre os setores conservadores e os partidários do moderado Hassan Rohani, que se acusam mutuamente de fechar meios de comunicação.