As reações à escalada da tensão entre o Irão e os Estados Unidos, depois de Teerão ter atacado duas bases aéreas norte-americanas no Iraque, multilplicam-se. Israel, aliado norte-americano, já avisou que dará uma "resposta retumbante" se o país for atacado. A presidente da Comissão Europeia, por sua vez, apelou ao fim da espiral de violência no Médio Oriente e até se ofereceu para promover o diálogo já que “a sua voz é ouvida na região”.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, alertou esta quarta-feira o Irão de que Israel responderá de “forma retumbante” caso o país seja atacado.
Quem nos atacar receberá uma resposta retumbante”, garantiu Netanyahu
A escalada de tensão no Médio Oriente preocupa a União Europeia (UE) que já se ofereceu para promover o diálogo. A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, e o Alto Representante da UE para a Política Externa (e vice-presidente da Comissão), Josep Borrell, sublinharam, em declarações à imprensa sem direito a questões, a importância de tentar pôr cobro à escalada na violência, enfatizando o papel que a UE pode desempenhar nesse sentido.
A crise atual afeta profundamente não só a região, mas todos nós, e o uso de armas deve parar agora para dar espaço ao diálogo. Exortamos todas as partes para fazerem todos os possíveis para retomar as conversações. A UE, à sua própria maneira, tem muito para oferecer. Temos relações estabelecidas e comprovadas pelo tempo com muitos atores na região para ajudar a travar a escalada (…) A UE está muito empenhada nesta área, pelo que a sua voz é ouvida”, declarou Von der Leyen.
O chefe da diplomacia europeia, por seu lado, sublinhou que “os recentes desenvolvimentos são extremamente preocupantes” e apontou que “os últimos ataques [da passada madrugada] contra bases no Iraque usados pelos Estados Unidos e por forças da coligação [contra o autodenominado Estado Islâmico], entre as quais forças europeias, é mais um exemplo da escalada e confrontação crescente.”
Não é do interesse de ninguém levar esta espiral de violência ainda mais longe”, frisou.
Países europeus condenam os ataques
A Alemanha e o Reino Unido foram os primeiros países europeus a condenar os ataques às bases norte-americanas e a pedir o fim da tensão nesta zona do globo.
A ministra da Defesa do governo de Berlim condenou de forma “firme” a agressão do Irão.
Agora é decisivo não deixarmos esta espiral crescer ainda mais”, disse Annegret Kram-Karrenbauer à estação de televisão pública alemã ARD.
A ministra alemã sublinhou que “antes de mais é preciso que os iranianos não provoquem uma nova escalada”.
Na terça-feira, o governo alemão decidiu transferir temporariamente parte das tropas que mantém no Iraque para bases na Jordânia e no Kuwait, por motivos de segurança. As forças alemãs integram a coligação internacional, comandada pelos Estados Unidos, que se encontra no Iraque e que tem como missão combater o grupo radical Estado Islâmico. De acordo com a revista Der Spiegel, 32 soldados alemães foram transferidos na terça-feira para a Jordânia. A Alemanha participa na coligação internacional com 415 soldados.
O Reino Unido classificou os ataques de "imprudentes e perigosos".
"Condenamos o ataque às bases militares iraquianas que abrigam as forças da coligação, entre as quais britânicos", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, expressando preocupação com "as informações sobre o uso de mísseis balísticos".
França e Itália juntaram-se também à condenação dos ataques.
A França condena os ataques conduzidos esta noite pelo Irão no Iraque contra forças da Coligação contra o Daesh [acrónimo em árabe do grupo extremista Estado Islâmico] (...). A prioridade é mais do que nunca a desescalada. O ciclo de violência deve ser interrompido", disse o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, num comunicado.
O governo italiano apelou, em comunicado, a um alívio das tensões, pedindo aos seus aliados europeus que trabalhem no diálogo.
A crise entre Irão e Estados Unidos vai marcar a primeira reunião da Comissão Europeia deste ano em Bruxelas.