Estado Islâmico foge de Mossul mas fere de morte história de civilizações - TVI

Estado Islâmico foge de Mossul mas fere de morte história de civilizações

  • Paulo Delgado
  • 13 mar 2017, 16:07

Radicais do Daesh continuam a perder posições na cidade iraquiana, mas terão destruído o que não puderam roubar do museu local. Aí estavam peças que fazem parte do património da humanidade

Dois anos e meio bastaram para saquear e destruir milénios de história, encerrada no museu da cidade de Mossul, no norte do Iraque. Com o avanço das unidades militares iraquianas, surgem agora as imagens dos estragos cometidos pelos radicais do ISIS.

Datadas do século VII antes de Cristo, estátuas do Lamassus - uma divindade assíria com cabeça humana, corpo de touro ou de leão e asas - foram destruídas. Tal como outras peças, incluindo registos escritos, de civilizações assíria, acadiana, babilónica, persa e romana.

O que não conseguiram saquear, destruíram", sintetizou um tenetente-coronel das forças iraquianas, Abdel Amir al-Mohammedawi, de seu nome, aos jornalistas que conseguiram aceder ao edifício em escombros do antigo museu, casos da cadeia norte-americana CNN e da agência britânica Reuters.

Lá dentro, segundo as autoridades iraquianas, além das estátuas destruídas está a marca brutal do saque levado a cabo pelo Daesh: um enorme buraco no solo que terá servido para aceder ao cofre do museu. Aí estavam pequenas e valiosas peças arqueológicas, desde o período pré-histórico até ao império otomano. Segundo os militares, o Daesh roubou-se a vendeu-as fora do Iraque.

Salvas 1700 peças

Há dois anos, quando o ISIS tomou de assalto Mossul - de onde agora está sendo escorraçado, com as tropas iraquianas a garantirem dominar já um terço da parte ocidental da cidade - o mundo ficou em choque com a destruição à marretada de muitas estátuas do museu.

Sabe-se agora que muitas dessas peças eram réplicas de gesso. Porque, em 2014, 1700 das 2400 que perfaziam a coleção completa foram levadas para a capital iraquiana, Bagdade. Apenas porque o museu de Mossul iria sofrer uma intervenção e recuperação das saus estruturas.

Reconquista em curso

O museu de Mossul está localizado na parte ocidental da cidade. Aí ainda se combate rua a rua e corpo a corpo e o edifício danificado serve de proteção para os atiradores do exército iraquiano.

As ruas da cidade são agora palco de luta entre o exército e o Daesh, mas também oportunidade para reencontros entre familiares, que durante dois anos e meio estiveram reféns dos radicais islâmicos sunitas.

Na rede Twitter, surge a partilha de um momento em que um soldado da Divisão de Resposta Rápida do exército reencontra a sua família, após três anos de separação: um pedaço de uma história humana que sobrevive, numa cidade em que muitas das marcas de civilizações terão sido destruídas pelo fanatismo.

 

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