Dois anos e meio bastaram para saquear e destruir milénios de história, encerrada no museu da cidade de Mossul, no norte do Iraque. Com o avanço das unidades militares iraquianas, surgem agora as imagens dos estragos cometidos pelos radicais do ISIS.
Datadas do século VII antes de Cristo, estátuas do Lamassus - uma divindade assíria com cabeça humana, corpo de touro ou de leão e asas - foram destruídas. Tal como outras peças, incluindo registos escritos, de civilizações assíria, acadiana, babilónica, persa e romana.
O que não conseguiram saquear, destruíram", sintetizou um tenetente-coronel das forças iraquianas, Abdel Amir al-Mohammedawi, de seu nome, aos jornalistas que conseguiram aceder ao edifício em escombros do antigo museu, casos da cadeia norte-americana CNN e da agência britânica Reuters.
Lá dentro, segundo as autoridades iraquianas, além das estátuas destruídas está a marca brutal do saque levado a cabo pelo Daesh: um enorme buraco no solo que terá servido para aceder ao cofre do museu. Aí estavam pequenas e valiosas peças arqueológicas, desde o período pré-histórico até ao império otomano. Segundo os militares, o Daesh roubou-se a vendeu-as fora do Iraque.
Salvas 1700 peças
Há dois anos, quando o ISIS tomou de assalto Mossul - de onde agora está sendo escorraçado, com as tropas iraquianas a garantirem dominar já um terço da parte ocidental da cidade - o mundo ficou em choque com a destruição à marretada de muitas estátuas do museu.
It looks terrible, but most artifacts smashed by #IS fighters are replicas... http://t.co/uuU7eJ0zCw @lindseyhilsum pic.twitter.com/dhPk2Z9Z5C
— Channel 4 News (@Channel4News) 26 de fevereiro de 2015
Sabe-se agora que muitas dessas peças eram réplicas de gesso. Porque, em 2014, 1700 das 2400 que perfaziam a coleção completa foram levadas para a capital iraquiana, Bagdade. Apenas porque o museu de Mossul iria sofrer uma intervenção e recuperação das saus estruturas.
Reconquista em curso
O museu de Mossul está localizado na parte ocidental da cidade. Aí ainda se combate rua a rua e corpo a corpo e o edifício danificado serve de proteção para os atiradores do exército iraquiano.
As ruas da cidade são agora palco de luta entre o exército e o Daesh, mas também oportunidade para reencontros entre familiares, que durante dois anos e meio estiveram reféns dos radicais islâmicos sunitas.
Na rede Twitter, surge a partilha de um momento em que um soldado da Divisão de Resposta Rápida do exército reencontra a sua família, após três anos de separação: um pedaço de uma história humana que sobrevive, numa cidade em que muitas das marcas de civilizações terão sido destruídas pelo fanatismo.
Uncontrollable tears as i watch this video of an #Iraqi soldier from the Rapid Response Div reunited with his family after 3 years in #Mosul pic.twitter.com/JHmZLwlkjg
— Iraqi Day 🇮🇶 (@iraqi_day) March 10, 2017