Um alto funcionário do Pentágono disse, nesta quarta-feira, à CNN, sob anonimanto, que o governo norte-americano acredita que o ataque iraniano desta madrugada, com mísseis teleguiados, “falhou propositadamente o seu alvo”.
O objetivo do Irão, segundo a mesma fonte, era “causar o mínimo de danos”, ao mesmo tempo que dava um “efeito de aviso máximo”. O facto de não ter causado quaisquer vítimas, causando apenas danos materiais, parece confirmar a teoria de que o Irão pretende apenas mostrar que está reativo.
As declarações do ministro dos negócios estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, conhecidas pouco depois dos ataques, apontam na mesma direção.
Nós não procuramos guerra ou o escalar do conflito, vamos apenas defendermo-nos contra qualquer agressão", afirmou.
Iran took & concluded proportionate measures in self-defense under Article 51 of UN Charter targeting base from which cowardly armed attack against our citizens & senior officials were launched.
— Javad Zarif (@JZarif) January 8, 2020
We do not seek escalation or war, but will defend ourselves against any aggression.
O ataque terá, assim, sido levado a cabo com a intenção única de mandar a mensagem de que “nós poderíamos tê-lo feito, mas não fizemos”, de acordo com o alto funcionário do Pentágono.
Ainda esta quarta-feira, o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos afirmou que o ataque tinha a intenção de matar militares, contrariando a informação divulgada. O general Mark Milley é, para já, a única fonte relacionada com este aspeto do ataque a falar abertamente, ainda que refira que estas palavras são apenas a sua opinião.
Acredito que, baseado naquilo que vi e no que sei, os ataques tinham a intenção de causar danos estruturais, destruir veículos, equipamentos, aviões e de matar pessoal. Esta é a minha perceção pessoal", referiu.
Mark Milley adiantou ainda que o caso está a ser analisado pela inteligência norte-americana, que vai tentar concluir quais as verdadeiras intenções do ataque iraniano.
Na noite de terça-feira, as forças armadas iranianas lançaram um ataque retaliatório contra duas bases militares iraquianas, em Ain al-Assad e Erbil, onde se encontram estacionados soldados norte-americanos e da coligação.
O disparo de 22 mísseis teleguiados por parte do exército iraniano surge como resposta ao assassinato do general Qassem Soleimani, comandante da força de elite Al-Quds.
O Ayatollah Ali Khamenei, líder supremo do Irão, disse que o ataque era “uma bofetada na cara” dos norte-americanos, pedindo o fim da “presença corrupta da América nesta região”.
O presidente Donald Trump também reagiu ao ataque numa declaração ao país, prometendo que os Estados Unidos vão aplicar "novas poderosas sanções" contra o Irão, até que o governo de Teerão "mude as suas políticas", mas sem recorrer a um discurso inflamado.