Homem de negócios e colecionador de arte: quem era Sindika Dokolo? - TVI

Homem de negócios e colecionador de arte: quem era Sindika Dokolo?

O marido de Isabel dos Santos morreu aos 48 anos no Dubai. Era filho de um banqueiro milionário e dono de uma das maiores coleções de arte africana. Tal como a mulher, os seus negócios estavam sob suspeita

Sindika Dokolo, o marido de Isabel dos Santos, que morreu aos 48 anos no Dubai, era empresário e dono de uma das maiores e mais importantes coleções de arte de África.

Nascido no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo, era filho de um banqueiro e milionário congolês e da sua segunda mulher, de origem dinamarquesa.

Dokolo cresceu e estudou na Europa, na Bélgica e em França e foi em Paris, na Universidade Pierre e Marie Curie, que se licenciou em Economia, Comércio e Línguas Estrangeiras.

Após a morte do progenitor, em 2001, Dokolo tomou conta dos negócios da família, que incluíam dezenas de empresas ligadas a vários setores, desde a banca ao imobiliário, passando pelos seguros, pela extração mineira e pecuária.

Em 2002, o empresário casou com Isabel dos Santos, a filha mais velha do então presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. E, paralelamente aos negócios que herdou, acabou por criar o seu próprio império com a empresária angolana.

Em Angola, foi membro do conselho de administração da empresa cimenteira angolana Nova Cimangola e da empresa portuguesa Amorim Energia.

Dokolo investiu em diferentes setores, como os diamantes, o petróleo, o imobiliário e as telecomunicações, e em vários países como Portugal, Suíça, Reino Unido e Moçambique.

Dono de uma das maiores coleções de arte africana

Mas além da sua atividade como empresário, destacava-se pelo seu interesse pela arte, que, disse em entrevistas, surgiu muito cedo, aos 15 anos, por influência dos pais - o pai era um grande colecionador de arte clássica africana e a mãe levou-o a visitar todos os museus europeus.

Era dono de uma das mais importantes coleções de arte contemporânea africana (com cerca de 3.000 obras) e criou a Fundação Sindika Dokolo, em Luanda, a fim de promover as artes e os festivais culturais. Realizou várias exposições e marcou presença em diversos eventos culturais.

Em março de 2015, foi distinguido com a Medalha de Mérito pela Câmara Municipal do Porto, a propósito da exposição de arte contemporânea "You Love Me, You Love Me Not".  E em 2016, a Fundação Sindika Dokolo estabeleceu no Porto, mais propriamente no edifício Casa Manoel de Oliveira, a sua sede para a Europa.

O empresário também lançou uma campanha mundial para devolver a África as peças de arte vendidas ilegalmente durante o período colonial.

Em outubro do ano passado, a sua Fundação comprou e repatriou para Angola 20 peças de arte que tinham sido levadas de museus angolanos para coleções estrangeiras e preparou-se para entregar ao museu de Kinshasa a primeira peça congolesa recuperada.

Negócios sob suspeita

Os seus negócios estavam a ser investigados pela justiça angolana, na sequência das revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas, que ficaram conhecidas como "Luanda Leaks".

Dokolo e Isabel dos Santos são suspeitos de terem lesado o Estado angolano em milhões de dólares e foram alvo de arresto de bens e participações sociais em empresas, em dezembro do ano passado, por determinação do Tribunal Provincial de Luanda.

Antes, o empresário já sido condenado a um ano de prisão em 2017 na República Democrática do Congo por alegadas fraudes no ramo imobiliário. Na altura, afirmou que a condenação tinha motivações políticas.

Por causa do escândalo "Luanda Leaks", Dokolo e Isabel dos Santos estavam a viver no Dubai.

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