China proíbe referências árabes e muçulmanas em lojas - TVI

China proíbe referências árabes e muçulmanas em lojas

  • AG
  • 1 ago 2019, 16:20
China proíbe síbolos islâmicos

Comerciantes acusam a China de tentar apagar a cultura islâmica

A China está a obrigar os comerciantes islâmicos a removerem todas as referências árabes e muçulmanas das suas lojas. Restaurantes, cafés ou talhos estão proibidos de ter escritos árabes ou quaisquer símbolos relacionados.

A agência Reuters visitou alguns dos comerciantes afetados, que confirmaram a presença de oficiais do governo chinês no local. Um homem conta que foi obrigado a remover a palavra “halal”,  que remete para as roupas ou alimentos permitidos pelo Islão), enquanto os membros do executivo chinês confirmavam que o fazia.

Eles disseram que esta é uma cultura estrangeira e que nós devemos usar mais cultura chinesa”, contou um dos comerciantes à Reuters.

A campanha contra os símbolos árabes ou islâmicos tem-se intensificado desde 2016, numa tentativa de aproximar os mais de 20 milhões de muçulmanos que vivem na China à cultura chinesa.

Além dos sinais a indicar “halal”, os comerciantes tiveram de remover todos os escritos árabes, bem como as meias luas, que remetem para o islamismo. Algumas lojas optaram por tapar os símbolos, mas outras tiveram mesmo de os substituir por carateres chineses.

Oficialmente, o Partido Comunista Chinês garante a liberdade religiosa, mas as últimas medidas têm favorecido os templos budistas às mesquitas.

No que diz respeito à relação com os muçulmanos, foram registadas denúncias de maus tratos do Governo chinês à comunidade uigur, na zona de Xinjiang. Os uigures são uma etnia de maioria muçulmana, que tem sido reprimida pelas autoridades chinesas nos últimos anos.

Alguns analistas referem que o executivo chinês teme que os grupos religiosos fiquem fora de controlo. O antropólogo da Universidade de Washington, Darren Byler, que estuda a questão de Xinjiang, explica que “a China quer que o Islão seja transmitido através da língua chinesa”.

O árabe é visto como uma língua estrangeira e esse conhecimento é agora visto como algo que está fora do controlo do Estado”, resumiu Darren Byler, à Reuters.

Só na capital chinesa, Pequim, existem mais de mil lojas “halal”. Os muçulmanos representam mais de 1% da população de toda a China e têm uma comunidade enraizada desde o século XIII.

Segundo a Reuters, não são só os muçulmanos a sofrer esta repressão. A agência norte-americana refere que várias igrejas cristãs têm sofrido perseguições.

 

Continue a ler esta notícia