Netanyahu: acordo dos EUA com Irão «garante» armas nucleares - TVI

Netanyahu: acordo dos EUA com Irão «garante» armas nucleares

O primeiro-ministro israelita endurece o tom no discurso numa sessão conjunta das duas câmaras do Congresso dos Estados Unidos

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O primeiro-ministro israelita discursou, esta terça-feira, numa sessão conjunta das duas câmaras do Congresso dos Estados Unidos. Um discurso polémico contra o acordo que Washington está a tentar alcançar com o Irão para resolver o diferendo sobre o programa nuclear iraniano.
 
O líder judaico comparou o regime de Teerão ao grupo terrorista Estado Islâmico, e disse que o que está em cima da mesa das negociações é um acordo que, ao contrário do pretendido, praticamente garantirá que o Irão venha a ter a bomba atómica.
 

«Esse acordo (com os iranianos) não evita que o Irão desenvolva armas nucleares, mas garante que o Irão tenha essas armas. Muitas dessas armas», disse.

Benjamin Netanyahu aconselhou Barack Obama a não aceitar um acordo nuclear com o Irão.

Seria «uma contagem decrescente para um pesadelo nuclear em potencial» por parte de um país que «sempre será um inimigo da América», defendeu.

Mas as palavras mais inflamadas de Netanyahu foram feitas na comparação do Irão ao Estado Islâmico.
 

«Não se deixem enganar, a batalha entre o Irão e o Estado Islâmico não transforma o Irão num amigo da América. O Irão e Estado Islâmico estão a competir pela coroa do islamismo militante. Um diz ser a República Islâmica e o outro diz ser o Estado Islâmico. Ambos querem impor um império islâmico militante, primeiro na região, depois no mundo inteiro. Só discordam sobre quem irá liderar esse império. Neste jogo de tronos mortífero, não há lugar para a América ou Israel, não há paz para os cristãos, judeus ou muçulmanos que não partilham o credo muçulmano medieval. Não há direitos para as mulheres, não há liberdade para ninguém», afirmou.




 

«Não há nada de novo» no discurso de Netanyahu


O Presidente dos Estados Unidos não tardou a reagir às palavras proferidas por Netanyahu. Barack Obama disse esta terça-feira, a jornalistas, que «não há nada de novo» no discurso do primeiro-ministro israelita ao Congresso norte-americano sobre as negociações nucleares lideradas pelos EUA com o Irão.

«O primeiro-ministro não ofereceu alternativas viáveis», afirmou Barack Obama, citado pela agência Reuters.


O Presidente dos EUA pediu ao Congresso que aguarde que o acordo nuclear com o Irão esteja finalizado, para depois então o avaliar. Obama garantiu que só irá concordar com um acordo que impeça o Irão de obter armas nucleares.



 

Discurso de Netanyahu «chato e repetitivo»

 
Também o Irão já rejeitou o discurso de Benjamin Netanyahu no Congresso dos EUA. O porta-voz do ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros disse esta terça-feira que as palavras do primeiro-ministro judaico sobre o programa nuclear de Teerão são «chatas e repetitivas».
 

«O discurso de hoje do primeiro-ministro do regime sionista foi chato e repetitivo… e faz parte da campanha eleitoral dos radicais em Telavive», afirmou Marzieh Afkham, citado pela agência estatal de notícias IRNA.

 
Em resposta ao alerta de Netanyahu de que um acordo dos EUA com o Irão seria «uma contagem decrescente para um pesadelo nuclear em potencial» por parte de um país que «sempre será um inimigo da América», o Irão diz que o programa de energia nuclear é exclusivamente para fins civis e não para fazer bombas. O porta-voz recordou que o Irão está em conversações com seis potências mundiais até à data limite de fim de Junho.

 


Negociações com Irão estão avançadas e se houver acordo vai ser «bom»


Apesar das declarações do primeiro-ministro de Israel, também a União Europeia considera que o acordo é positivo. A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, confirmou que as negociações com o Irão sobre o dossier nuclear estão avançadas e garantiu aos opositores do entendimento diplomático que se houver acordo, este será «bom».

Em declarações feitas depois de discursar no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas em Genebra, Mogherini disse que as partes estavam a aproximar-se.
 

«Quero sublinhar que, em especial nestas horas, em que nos aproximamos de um resultado, não é útil, para o bem das negociações, discutir em público detalhes parciais do que se descreve como acordo», acrescentou, durante um breve encontro com jornalistas. «É preciso confiança, serenidade e responsabilidade para estas conversações, que são obviamente muito políticas e também técnicas», declarou.

«Agitar o medo não é apropriado nestes momentos, em que se trabalha para um acordo que garanta não só a segurança na região, como em todo o mundo», concluiu.

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