Buffon: «Tenho inveja de guarda-redes frangueiros» - TVI

Buffon: «Tenho inveja de guarda-redes frangueiros»

FC Porto-Juventus (Reuters)

Guarda-redes da Juventus diz que pensa em deixar o futebol «a cada duas semanas», mas é esse dilema que o «motiva». Liga dos Campeões é o objetivo

Gianluigi Buffon, guarda-redes da Juventus, deu uma longa entrevista à revista alemã Kicker, em que falou sobre o passado e os objetivos para o futuro. Entre os temas abordados, está a depressão que viveu em 2013 e a exigência que coloca em si próprio.

«Eu sou meu crítico mais feroz. Quando cometo um erro, fico em choque, porque não estou habituado. Às vezes, preciso de 10 dias para recuperar o equilíbrio. A verdade é que tenho inveja de guarda-redes frangueiros, que falham muitas vezes, porque para eles não é um choque», afirmou.

«Aquele golo na época passada, depois de 974 minutos com a baliza a zero, foi mais um alívio do que um castigo. Não se falava de outra coisa», lembrou, contando que já pensou por mais de uma vez em acabar a carreira. «Nos últimos dois anos, a cada duas semanas, penso, que se f…. vou deixar isto. Mas é esse conflito interno, esse desafio que faz com que aos 39 anos entre em campo motivado todas as semanas e que, certamente, um dia fará com que acabe no manicómio», revelou.

«O guarda-redes tem que ser masoquista, senão não pode ocupar aquele lugar. É parecido com o caso dos árbitros, com um constante desejo de poder e controlo sobre os outros. Além disso, como guarda-redes é preciso ser masoquista porque só pode sofrer golos, não pode marcar, e porque se é constantemente insultado. É caso para psicólogo», frisou.

E o guardião italiano falou então sobre a depressão que viveu. «Descobri que era mais frágil do que pensava e enfrentei a depressão à minha maneira, por vezes um pouco louca. Nunca tomei medicamentos, procurei outros estímulos fora do futebol e não me envergonho de falar disso. Continuei a ser dono do meu destino, o que acabou por ser a chave para superar tudo»

Buffon criticou a ênfase dada no futebol atual a guarda-redes que saibam jogar com os pés. «Há uns sete ou oito anos que os guarda-redes jogam mais e mais com os pés, iniciam as jogadas. Isso requer maior técnica, mas as pessoas esquecem que o principal é que um guarda-redes saiba defender. Incomoda-me que se valorize um guarda-redes porque ele é bom com os pés. É uma falta de respeito. A primeira coisa para o guarda-redes é saber defender sair da área, socar a bola, agarrar. Só depois podemos analisar sua arte com os pés», afirmou.

E para o italiano, o melhor guarda-redes do mundo atualmente é Manuel Neuer, do Bayern de Munique.

«Manuel Neuer é gigante, extraordinário. Ele transmite tranquilidade com a sua presença, defende até os remates mais impossíveis e é bom no trato da bola. Neuer tem estado em grande e há anos que é merecidamente o paradigma de guarda-redes moderno», elogiou Buffon.

Sobre o futuro, além de querer ser campeão, Buffon aponta outro objetivo: «Ainda me falta vencer a Liga dos Campeões e estou a ficar velho. Não é uma obsessão, mas é algo que me motiva. Se já tivesse ganho tudo, estaria aborrecido do futebol».

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