Centenas de pessoas juntaram-se, na segunda-feira, à porta de um tribunal em Ancona, Itália, num protesto contra a decisão do coletivo de juízes de ilibar dois homens suspeitos do crime de violação. O tribunal concluiu que a alegada violação contada pela vítima não era credível por esta “não ser atraente” para os homens.
Os manifestantes concentraram-se à porta da casa da justiça, na cidade do centro do país, com gritos e cartazes contra as três juízas que acompanharam este processo em que a mulher, em 2015, na altura com 22 anos, foi alegadamente violada por dois homens.
Vergonha!”, ouvia-se nas vozes de centenas de pessoas. Indignadas com o resultado do julgamento, acusam o sistema judicial italiano de ser misógino e uma “caça às bruxas”, escreve a imprensa italiana.
O caso é de 2017, mas só na sexta-feira foram tornados públicos os resultados e as razões por trás da decisão das três mulheres. Razões essas descobertas agora porque o tribunal de recurso ordenou a reabertura do processo, avança o italiano Cronoche Ancona.
Os dois homens chegaram a ser condenados em 2016 no tribunal de primeira instância, mas foram, no ano seguinte, ilibados pelas três juízas que afirmaram que a história da vítima não era credível por esta ser “demasiado masculina” e que os homens não sentiam atração por ela.
A decisão do tribunal foi tomada, mesmo com a presença do relatório médico, que mostrava que havia marcas consistentes com violação e indícios no sangue da mulher de uma droga usada nestes casos.
Destacou o coletivo de juízes que “não se pode excluir a possibilidade de que foi a alegada vítima a organizar aquela noite 'exuberante'”, esclarecem os relatórios, citados pela imprensa italiana.
Diz ainda o relatório que um dos homens acusados de violação “nem gostou da rapariga, ao ponto de ter guardado o número dela no telemóvel com o nome 'Viking', uma alusão a tudo menos a uma figura feminina, mas sim uma masculina”.
A fotografia presente no processo pode confirmar isto”, destacava esse mesmo documento.
O caso vai agora ser reaberto.