Juíza não aceitou relatório médico e Bolsonaro tem 48 horas para apresentar "todos os exames" à Covid-19 - TVI

Juíza não aceitou relatório médico e Bolsonaro tem 48 horas para apresentar "todos os exames" à Covid-19

 Jair Bolsonaro

Presidente brasileiro terá feito o teste pelo menos duas vezes no mês de março e afirmou que ambos os resultados foram negativos, embora nunca tenha mostrado fotos nem cópias ou os originais dos exames

Jair Bolsonaro tem 48 horas para apresentar todos os exames que provem que não esteve contaminado com Covid-19. O presidente brasileiro terá o teste pelo menos duas vezes no mês de março e afirmou que ambos os resultados foram negativos, embora nunca tenha mostrado fotos nem cópias ou os originais dos exames.

A juíza Ana Lúcia Petri Betto não aceitou o relatório médico apresentado pelo presidente do Brasil e deu o prazo de 48 horas para que Bolsonaro entregue à justiça "todos os exames” que fez para provar se esteve ou não contaminado com Covid-19, avança o jornal O Estado de S.Paulo (Estadão).

A decisão surge depois da Advocacia-Geral da União (AGU) do Brasil - o órgão que defende Governo brasileiro em processos judiciais - ter enviado um relatório médico à justiça federal de São Paulo e não a cópia dos exames. 

Segundo a AGU do Brasil, o relatório médico revelou que os testes de Covid-19 realizados em março pelo presidente do país, Jair Bolsonaro, foram negativos.

Mas o relatório não foi suficiente e Bolsonaro tem 48 horas para dar "cumprimento quanto ao decidido".

“Considerando que o documento anexado pela parte ré (relatório médico, datado de 18.03.2020 - id 31571155), não atende, de forma integral, à determinação judicial, renove-se a intimação da União nos termos do id 31436976 para que, em 48 horas, dê efetivo cumprimento quanto ao decidido, fornecendo os laudos de todos os exame aos quais foi submetido o Exmo. Sr. Presidente da República para a deteção da Covid-19, sob pena de fixação de multa de cinco mil reais por dia de omissão injustificada”, pode ler-se no documento divulgado pelo Estadão.

A juíza negou ainda o pedido do governo para que fosse mantido o sigilo documental sobre os exames do presidente.

Em declarações à imprensa, o presidente brasileiro já fez saber que se sente "violentado" por ter de tornar os documentos públicos.

"Tem uma lei que garante a intimidade, e a lei vale para todo mundo. A AGU deve ter recorrido e, se nós perdemos o recurso, aí vai ser apresentado. Aí, vou me sentir violentado. A lei vale do cidadão mais humilde até o presidente", afirmou, esta quinta-feira de manhã.

O jornal Estadão foi o autor de uma ação judicial em que viu reconhecido o direito de ter acesso aos exames realizados pelo chefe de Estado. O que não aconteceu, uma vez que a AGU apenas enviou um comunicado sobre o relatório médico.

"Relatório médico emitido em 18 de março de 2020 pela Coordenação de Saúde da Presidência da República, no qual é atestado que o Presidente da República é monitorado pela respetiva equipa médica, encontrando-se assintomático, tendo, inclusive, realizado exame para deteção da Covid-19, nos dias 12 e 17 de março, com o referido exame dando não reagente (negativo)", lê-se num comunicado da AGU enviado ao Estadão.

Ao aceitar o pedido do jornal, a juíza avaliou que "no atual momento de pandemia que assola não só o Brasil, mas o mundo inteiro, os fundamentos da República não podem ser negligenciados, em especial quanto aos deveres de informação e transparência".

Vários orgãos de comunicação social do país já tinham tentado obter cópia dos exames, invocando a lei de acesso à informação, mas os seus pedidos foram negados pelo Governo brasileiro.

O Estadão informou que tenta obter a íntegra da petição apresentada pela AGU à justiça federal de São Paulo e o advogado que defende o jornal, Afranio Affonso Ferreira Neto, avaliou que a manifestação da AGU indica "uma confissão de desrespeito, de descumprimento da ordem judicial".

Esta quinta-feira, o presidente brasileiro foi questionado sobre o assunto e declarou que legalmente tem o direito de não apresentar o resultado dos seus exames.

O Brasil regista 7 5.901 óbitos e 85.380 casos confirmados de infeção pela Covid-19, que colocam a taxa de letalidade da doença do país em 6,9%.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 227 mil mortos e infetou quase 3,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Cerca de 908 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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