Presidente do Brasil critica aparato em detenção de ex-assessor do filho - TVI

Presidente do Brasil critica aparato em detenção de ex-assessor do filho

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  • 19 jun 2020, 08:33

Ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do presidente do Brasil, foi detido numa investigação sobre transações financeiras e desvio de dinheiro público

O presidente do Brasil criticou, na quinta-feira, o aparato da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de um dos seus filhos, e afirmou que "pareciam estar a prender o maior bandido" do mundo.

"Deixo bem claro que não sou advogado do Queiroz, nem estou envolvido nesse processo. Mas o Queiroz não estava foragido e não havia nenhum mandado de prisão contra ele (...) Pareciam que estavam a prender o maior bandido à face da terra", criticou Jair Bolsonaro, numa transmissão de vídeo em direto na rede social Facebook.

"O Queiroz já deve estar a ser assistido pelo advogado, e que a Justiça siga o seu caminho. (...) Acredito que se tivessem pedido o comparecimento dele em qualquer local, ele teria comparecido. E porque é que ele estava naquele local, em São Paulo? Porque fica perto do hospital onde faz tratamento ao cancro", justificou Bolsonaro, na primeira reação à prisão do ex-assessor.

Na manhã de quinta-feira, a polícia deteve preventivamente Fabrício Queiroz, um ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do presidente do Brasil, numa investigação sobre transações financeiras e desvio de dinheiro público.

Queiroz foi detido na cidade de Atibaia, localizada no interior do estado de São Paulo. A mulher do ex-assessor também teve prisão decretada, mas não foi localizada até ao momento.

O suspeito estava num imóvel que pertence ao advogado Frederick Wasseff, que trabalha para a família Bolsonaro, tendo sido posteriormente transportado para uma prisão na zona oeste do Rio de Janeiro.

Por questões de segurança e devido à pandemia do novo coronavírus, Queiroz vai cumprir um período de isolamento social durante 14 dias no estabelecimento prisional, noticiou a imprensa brasileira.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) indicou estar em causa um suposto esquema ilícito em que funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro terão sido coagidos a devolver parte dos salários ao filho do Presidente, quando ainda ocupava o cargo de deputado estadual (2003-2019), na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Esta prática ilícita é conhecida no Brasil pelo nome de ‘rachadinha’.

Queiroz é apontado como braço direito de Flávio Bolsonaro e a pessoa responsável por arrecadar o dinheiro junto aos funcionários do gabinete, segundo as investigações.

O inquérito teve início depois de um relatório do antigo Conselho de Controlo de Atividades Financeiras (Coaf), órgão atualmente ligado ao Banco Central do país, ter detetado movimentações financeiras atípicas nas contas bancárias de Fabrício Queiroz, no final de 2018.

As movimentações de dinheiro acima dos rendimentos do ex-assessor chamaram a atenção também porque ocorriam através de depósitos e levantamentos em dinheiro vivo, em datas próximas do pagamento dos funcionários da Alerj.

Na decisão do juiz Flávio Itabaiana, que autorizou a prisão de Fabrício Queiroz, foi ainda mencionada a influência do ex-assessor sobre milicianos no Rio de Janeiro, segundo o portal de notícias G1.

Flávio Bolsonaro também é investigado neste caso por peculato, branqueamento de capitais e organização criminosa, de acordo com o Ministério Público.

O filho do presidente brasileiro, atualmente senador na câmara alta do Congresso brasileiro, tem negado todas as acusações.

No seguimento da prisão de Queiroz, a imprensa brasileira noticiou que terá sido a filha de Olavo de Carvalho, um autoproclamado filósofo e ideólogo da família Bolsonaro, uma das primeiras pessoas a denunciar o paradeiro do ex-assessor.

Heloísa de Carvalho, que tem uma relação conflituosa com o pai, "guru" de Bolsonaro, assim como o 'blogger' Bruno Maia usaram as redes sociais, há cerca de um mês, para partilhar a localização de Queiroz.

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