Turcos exigem saber onde sauditas depositaram restos mortais de Khashoggi - TVI

Turcos exigem saber onde sauditas depositaram restos mortais de Khashoggi

  • 26 out 2018, 11:50

Presidente Erdogan quer também que "quem deu ordens" para matar seja levado à justiça. Filho mais velho do jornalista já terá conseguido sair da Arábia Saudita. Protestos multiplicam-se

Erdogan aperta o cerco e, na manhã desta sexta-feira, no Parlamento, exigiu que os sauditas revelem onde depositaram os restos mortais do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado no consulado de Istambul e que as autoridades turcas dizem ter sido torturado e desmembrado, provavelmente ainda vivo.

A pressão por parte do presidente da Turquia surge um dia após o procurador-geral da Arábia Saudita ter assumido que a morte de Jamal Khashoggi foi "premeditada". Um dia antes, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman comentara publicamente o caso, considerando que o assassínio do jornalista foi um “crime odioso”.

Pouco o nada convencido da inocência do príncipe herdeiro da Arábia Saudita na execução do jornalista e colunista do jornal norte-americano The Washington Post, o presidente turco exige que os sauditas divulguem onde depositaram o corpo e identifiquem o "colaborador local" que terá executado essa missão.

Para Recep Tayyip Erdogan, os 18 indivíduos já detidos pelos sauditas "deverão saber" quem matou o jornalista e para onde seus restos mortais foram levados. Mais. O presidente turco acrescentou no Parlamento que quem "deu as ordens" para o assassínio deve ser levado perante a justiça.

Príncipe suspeito

Para as autoridades turcas, o príncipe Mohammed bin Salman é suspeito de ter ordenado ou tido conhecimento da execução do jornalista, algo que o poder saudita nega.

Em Istambul, frente ao consulado onde Jamal Khashoggi foi assassinado, mas também em Londres, frente à embaixada saudita no Reino Unido, a noite de quinta-feira foi palco de manifestações exigindo justiça pela morte do jornalista.

Essas declarações infantis não são compatíveis com a seriedade de um Estado", afirmou o presidente turco esta sexta-feira, referindo-se à forma atabalhoada como os sauditas têm alterado as suas versões sobre o caso.

Inicialmente, após o desaparecimento de Khashoggi, um jornalista muito crítico sobre o governo do seu país, a Arábia Saudita afirmou que ele tinha estado no consulado em Istambul e saído de lá pelo seu próprio pé. Mais tarde, no final da passada semana, os sauditas assumiram que morrera no interior da missão diplomática, na sequência de uma briga, para agora, finalmente, assumirem que foi executado.

Família a salvo

Com dupla nacionalidade, saudita e norte-americana, o filho mais velho do jornalista Jamal Khashoggi terá conseguido finalmente deixar a Arábia Saudita, após as autoridades do reino lhe terem levantado a proibição de deixar o país.

Salah Khashoggi viu-se na obrigação, esta semana, de receber condolências do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman pela morte do pai.

A imprensa mundial adianta agora que o jovem Khashoggi deixou o país viajando para o Estados Unidos com sua família, no final da quarta-feira, não tendo, contudo, sido revelado o seu paradeiro.

O porta-voz do Departamento norte-americano de Estado, Robert Palladino, afirmou que Washington saúda a decisão que permitiu a Salah Khashoggi e à sua família deixarem a Arábia Saudita.

Palladino disse na quinta-feira que o secretário de Estado, Mike Pompeo, discutiu a situação do filho de Jamal Khashoggi durante sua recente visita a Riade e "deixou claro" aos líderes sauditas que Washington exigia que lhe fosse levantada a proibição de deixar a Arábia Saudita.

Estamos satisfeitos que ele agora possa fazê-lo", disse Palladino, assumindo que os Estados Unidos continuam pressionando os sauditas para conhecer "todos os factos relevantes" em relação à morte de Jamal Khashoggi.

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