Barão da droga cumpria pena em cela de luxo no Paraguai - TVI

Barão da droga cumpria pena em cela de luxo no Paraguai

Barão da droga cumpria pena em cela de luxo

Polícia paraguaia descobriu aposentos de luxo ao fazer buscas na cela de um chefe brasileiro do tráfico de drogas. A cela, de três divisões, contava com sala de reuniões, TV plasma, biblioteca e cozinha

Três quartos, uma televisão plasma, uma cozinha e até uma biblioteca com a coleção em DVD da série sobre o colombiano Pablo Escobar. O narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão vivia rodeado de luxo na prisão Tacumbú, em Assunção. Para além disso, ainda havia espaço para uma sala de reuniões, mobiliário conceituado, guarda-roupa e até ar condicionado. Tudo isto numa das prisões mais sobrelotadas do Paraguai.

A descoberta de uma bomba de explosivos plásticos no muro da cadeia na noite de 26 de julho não só revelou que o artefacto seria usado supostamente para uma fuga cinematográfica, mas também que Jarvis Chimenes Pavão vivia desde 2009 numa cela com todas as comodidades e protegido pela cumplicidade comprada de altos funcionários, observou a AFP, numa visita guiada por autoridades policiais.

Aquele que é um famoso barão da droga da América Latina foi agora transferido para uma outra prisão depois de as imagens da cela terem vindo a público.

De acordo com a BBC, Jarvis Chimenes Pavão estava a cumprir uma pena de prisão no Paraguai, até 2017, e deveria ser extraditado para o Brasil no fim do cumprimento da pena.

"Vamos demolir a cela de Chimenes Pavão e vamos tomar medidas contra os diretores que permitiram os privilégios para este condenado", disse o novo ministro da Justiça do Paraguai, Ever Martínez, que assumiu a pasta na quinta-feira passada depois de a ministra Carla Bacigalupo ter sido destituída por causa do escândalo.

O próprio Presidente paraguaio, Horacio Cartes, se encarregou de demitir a ministra.

Dentro da prisão de Tacumbú muitos presos lamentaram que o célebre colega, morador da "cela VIP", como a conheciam, tenha sido transferido após revelados os privilégios de que gozava na prisão.

"Não sei o que será de nós sem ele", disse à AFP um dos prisioneiros que não se quis identificar, ao afirmar que Chimenes Pavão era generoso e dava dinheiro para arranjar o campo de futebol e a capela da prisão, além de pagar pela própria segurança dentro da cadeia.

A cela de luxo chegava mesmo a ser arrendada aos outros reclusos, sendo que estes pagavam uma taxa de cerca de 4.500 euros, e uma renda semanal de 540 euros. Para além de uma casa de banho privativa e de muito luxo, a cela até tinha ar condicionado.

Em Tacumbú existem 3.500 prisioneiros, o dobro da capacidade do estabelecimento prisional.

Neste momento, as autoridades estão a apurar a forma como Jarvis Chimenes Pavão conseguiu construir toda a cela.

Confrontada com o inusitado cenário, a advogada de Jarvis, Laura Acasuso, defendeu o cliente, dizendo que o luxuoso estilo de vida só provava a corrupção do sistema prisional do Paraguai.

"Seis ou sete ministros e diretores prisionais" terão recebido subornos de Pavão, que pagou, também, pela melhoria das condições dos espaços afetos aos guardas e ao diretor, bem como o ordenado dos cozinheiros e a renovação da biblioteca da prisão.

Antonio González, um dos presos do pavilhão de Pavão, admitiu que o condenado era "o homem mais querido da prisão".

Considerado como um dos traficantes mais perigosos da região e herdeiro do, outrora poderoso, Fernandinho Beira-Mar, que está numa prisão de segurança máxima no Brasil, Chimenes Pavão foi acusado como suposto autor intelectual do crime, em junho, de um conhecido empresário, Jorge Rafaat, na fronteira com o Brasil.

"Ele [Chimenes Pavão] nunca disse que era santo, mas cumpriu a punição que foi imposta pela justiça e colaborava com dinheiro que gera licitamente através das suas empresas", defendeu Laura Acasuso.

De acordo com a advogada, o traficante "tem 1.200 pessoas que emprega nas próprias empresas".

A advogada revelou que Chimenes Pavão, entre outras contribuições, ajudou na construção de dormitórios para os diretores, casa de banho privada para os funcionários, melhorias na biblioteca, no sala de visitas e até na alimentação diária de 80 reclusos, incluindo o salário dos cozinheiros.

A mesma advogada afirmou que o traficante continuava a fazer doações a partir da prisão e a financiar obras para bairros pobres em diferentes partes do Paraguai.

 

 

 

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