Juncker critica "nacionalismo exagerado" e deixa recados a Trump - TVI

Juncker critica "nacionalismo exagerado" e deixa recados a Trump

  • SS - atualizada às 09:16
  • 12 set 2018, 09:03

Na sua despedida dos discursos sobre o “Estado da União” perante o Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo, Jean-Claude Juncker lembrou o papel da UE como um garante de paz para a Europa

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, criticou, esta quarta-feira, o “nacionalismo exagerado”, lembrando que a União Europeia é o garante de paz da Europa. O chefe do executivo comunitário defendeu "uma Europa forte e unida, que trabalhe em prol da paz" e deixou recados a Donald Trump.

Na sua despedida dos discursos sobre o “Estado da União” perante o Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo, Jean-Claude Juncker lembrou, esta quarta-feira, o papel da UE como um garante de paz para a Europa.

Fiquem felizes por viver num continente em paz, num continente que vive em paz graças à UE. Devemos respeitar mais a UE, devemos defender a nossa forma de ser e de viver. Digamos sim ao patriotismo que não afronta os outros, digamos não ao nacionalismo exagerado que detesta os outros, que tenta encontrar culpados em vez de encontrar soluções que nos permitam viver juntos”, vincou.

Diante da crescente ascensão dos nacionalismos e da extrema-direita no bloco comunitário, o presidente da Comissão Europeia escudou-se na história europeia, recordando os fundadores da UE, que “conheceram o horror da [II] Guerra”.

“De agora às eleições europeias, temos de demonstrar que a UE pode superar as diferenças entre o Norte e o Sul, o Este e o Oeste. A Europa é demasiado pequena para se dividir. Um dia, será em dois, no futuro em quatro. Devemos demonstrar que juntos podemos construir uma Europa mais soberana”, defendeu.

O presidente da Comissão Europeia usou o exemplo da Síria para ilustrar como a ordem internacional "está cada vez mais posta em causa". E sobre a Síria, Juncker disse mesmo que a Europa não pode permanecer silenciosa perante a “iminência de um desastre humanitário anunciado” em Idlib.

 O conflito sírio ilustra como a ordem internacional, da qual os europeus souberam beneficiar desde a II Guerra Mundial, está cada vez mais posta em causa”.

Por isso, continuou, "no mundo de hoje, a Europa não pode continuar a dar como adquirido que os compromissos assumidos ontem serão ainda respeitados amanhã. As alianças de hoje provavelmente já não serão as alianças de amanhã”.

O mundo de hoje precisa de uma Europa forte e unida, uma Europa que trabalhe em prol da paz, de acordos comerciais e de relações monetárias estáveis, mesmo que outros estejam muito inclinados a escolher as guerras comerciais e monetárias”, sublinhou numa mensagem implicitamente dirigida a Washington. 

 

Não gosto desse unilateralismo sem respeito pelas expectativas dos outros. Permanecerei sempre um multilateralista convicto”, prosseguiu.

Defendendo que a Europa deve cada vez mais assumir o papel de um “ator global” na cena mundial, Jean-Claude Juncker afirmou que a UE deve dar-se conta de que é “uma potência politica, uma potência económica e por vezes uma potência militar”.

“Essa é a razão pela qual lancei, desde 2014 a União Europeia da Defesa, e é por isso que, nos próximos meses, a Comissão Europeia continuará a trabalhar para que o fundo europeu de defesa e a cooperação estruturada permanente no domínio da Defesa se tornem plenamente operacionais”, disse.

O presidente da Comissão fez questão de acrescentar “uma precisão importante”: “não iremos militarizar a UE. O que queremos é ser mais responsáveis e mais independentes, porque só uma Europa forte e unida pode proteger os nossos cidadãos, das ameaças internas e externas”.

 

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