O secretário-geral da NATO defendeu que os aliados europeus e o Canadá não devem aumentar a despesa em defesa para agradar aos Estados Unidos, mas sim para enfrentar os novos desafios de um mundo mais imprevisível.
“Os aliados europeus e o Canadá não devem aumentar a despesa em defesa para agradar aos Estados Unidos, mas sim porque é necessário, porque vivemos num mundo mais imprevisível. Uma NATO forte é boa para a Europa, mas também para os Estados Unidos”, argumentou Jens Stoltenberg.
Instado a comentar as críticas que o Presidente norte-americano, Donald Trump, tem dirigido aos aliados europeus, por aquilo que considera um financiamento insuficiente da Organização do Tratado do Atlântico Norte, o secretário-geral assumiu que o nível de contribuições não é equitativo, nem justo, mas lembrou que os países europeus e o Canadá estão a aumentar as suas dotações.
“Isso é significativo. Estamos a caminhar na direção correta. Estou confiante que isso ficará evidente na cimeira. Não digo que todos estejam a gastar mais, mas temos registado um crescimento significativo de financiamento através da Europa”, completou.
Jens Stoltenberg reconheceu ainda que a cimeira da Aliança Atlântica, que decorrerá entre quarta e quinta-feira na capital belga, acontece num momento em que alguns questionam a fortaleza da união da NATO.
“Não ficaria surpreendido se tivéssemos discussões robustas na cimeira, incluindo sobre financiamento. No entanto, estou confiante que chegaremos a acordo”, disse.
O secretário-geral da NATO escusou-se a comentar a guerra comercial entre os EUA e a União Europeia (UE), considerando que o único tema que diz respeito à organização é a Defesa.
“Há desentendimentos, diferentes visões entre aliados, mas acredito firmemente que a NATO continuará ser a pedra de toque das relações transatlânticas. Foi assim desde sempre. Não é novo que haja desentendimentos entre aliados. É do nosso interesse manter a NATO, é bom para a Europa e para a América do Norte. Na Europa, há infraestruturas que são importantes, não só para proteger a Europa, mas para os EUA projetarem a sua capacidade militar para África e o Médio Oriente”, rematou.
Stoltenberg abordou ainda o encontro de Donald Trump com o Presidente russo, Vladimir Putin, que acontecerá em 16 de julho em Helsínquia, considerando que “qualquer ação que possa diminuir a tensão é bem-vinda”.
“Não queremos uma nova Guerra Fria, a Rússia é nossa vizinha. Temos de melhorar a nossa relação com a Rússia. Mesmo que não seja possível, temos de dialogar para evitar mal-entendidos, desinformação”, disse, frisando que a NATO acredita numa estratégia que combina defesa e diálogo.