Dijsselbloem: "Parece que cometi um crime de guerra" - TVI

Dijsselbloem: "Parece que cometi um crime de guerra"

  • Sofia Santana
  • atualizada às 16:07
  • 10 abr 2017, 15:49
Jeroen Dijsselbloem

Presidente do Eurogrupo, que esteve debaixo de fogo depois de ter dito que os países do sul não podiam gastar dinheiro em "copos e mulheres", deu novas explicações sobre a polémica

O presidente do Eurgrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirmou que o fizeram sentir como se tivesse cometido “um crime de guerra”, depois das suas declarações sobre os países do sul terem causado polémica.

Dijsselbloem esteve debaixo de fogo depois de ter sugerido que os países do sul não podem gastar tudo “em copos e mulheres” e depois “pedir ajuda”, numa entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine. As críticas às palavras do ministro das finanças da Holanda não se fizeram esperar e houve quem tivesse mesmo pedido a sua demissão, incluindo o Governo português.

Indiferente às críticas, Dijsselbloem não se demitiu, nem pediu desculpas, limitando-se a justificar que as suas palavras foram mal interpretadas e que nunca teve intenções de ofender os países do sul. Agora, numa nova entrevista, ao jornal holandês De Volkskrant, o ministro holandês dá novas explicações sobre a polémica.

Dijsselbloem disse que o “cansaço” - uma vez que as declarações foram feiras apenas três dias depois eleições legislativas da Holanda - terá contribuído para a má escolha de palavras. O presidente do Eurogrupo admitiu que, hoje, teria dito as coisas de outra forma, ressalvando, porém, que continua a defender a mesma ideia.

O cansaço pode ter tido um papel importante, pois tinham passado três dias desde as eleições. Provavelmente teria refeito a frase, mas o meu objetivo era deixar claro que solidariedade não é caridade.”

O governante afirmou que a polémica “escalou rapidamente”, considerando, porém, que não deve retirar o que disse.

Mas o que é que devo retirar? Algo que não disse? Algo que não quis dizer?”, questionou.

Dijsselbloem, cujo mandato como presidente do Eurgrupo termina em janeiro do próximo ano, não se demitiu até porque considera que o seu trabalho é apreciado pelos estados-membros. 

A revolta em torno desta entrevista é a revolta sobre os oito anos de políticas para fazer face à crise. Parte dos países do Eurogrupo acha que as políticas europeias são políticas do norte da Europa."

Na sexta-feira, Portugal pediu explicações a Dijsselbloem, cara a cara. Na ausência de Mário Centeno, coube ao secretário de Estado Adjunto, Mourinho Félix, dizer ao ministro holandês que Portugal ficou "chocado" e que exigia um pedido de desculpas. Mas o presidente do Eurogrupo não se ficou e disse que considerava a reação portuguesa igualmente "chocante". O diálogo foi captado pelas câmaras dos jornalistas portugueses no início da reunião de ministros das Finanças que ocorreu em Malta.

Já esta segunda-feira, António Costa, que participa numa cimeira dos países do sul da Europa, em Madrid, disse que as palavras de Dijsselbloem são “insuportáveis”, mas considerou que o importante, agora, é melhorar o Euro, porque o presidente do Eurogrupo “está de passagem”. As declarações foram feitas numa entrevista à Rádio Nacional de Espanha.

Claro que [Jeroen Dijsselbloem] devia abandonar o cargo. As palavras são insuportáveis, mas temos de continuar a trabalhar no que é essencial para a União Europeia (UE)."

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