Europa do Sul une-se contra Dijsselbloem - TVI

Europa do Sul une-se contra Dijsselbloem

  • CP
  • 22 mar 2017, 14:43

Pedidos de demissão chegam de Portugal, Espanha, Itália... Só a Grécia foi mais contida

Várias vozes europeias uniram-se esta quarta-feira nas críticas ao líder do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, na sequência de declarações sobre os países do sul da Europa, e algumas pediram a demissão do político holandês.

A par do governo de Portugal, que já defendeu o afastamento de Dijsselbloem da presidência do Eurogrupo, outra das vozes críticas é a do ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, que defendeu que o holandês deve demitir-se logo que possível.

“Jeroen Dijsselbloem perdeu uma excelente oportunidade para ficar calado. Numa entrevista a um jornal alemão, permitiu-se a reflexões estúpidas, não consigo encontrar melhor termo, contra países do sul, começando por Itália e Espanha”, escreveu, no Facebook.

“Penso que pessoas como Dijsselbloem, que pertencem ao Partido Socialista europeu mesmo que não percebam o que isso significa, não merecem ocupar tal cargo. E quanto mais cedo se demitir, melhor será”, acrescentou Matteo Renzi, que renunciou em dezembro passado à liderança do governo de Roma depois dos italianos terem rejeitado em referendo uma reforma constitucional.

Também o governo de Atenas reagiu hoje às declarações do político holandês, qualificando tais comentários como “sexistas” e “estereótipos fora de contexto”.

Na conferência de imprensa semanal, o porta-voz do governo helénico, Dimitris Tsanakopulos, afirmou que este tipo de estereótipos "aumenta a divisão norte-sul" e são um terreno fértil para "pontos de vista extremistas".

Questionado diretamente se o governo grego considera que Jeroen Dijsselbloem deve ser afastado da liderança do Eurogrupo, o porta-voz do executivo de Atenas evitou responder.

Em Espanha, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) exigiu o “fim imediato” do mandato do presidente do Eurogrupo e que o presidente dos socialistas europeus Sergei Stanishev “retire o apoio político de toda a família social-democrata”.

O PSOE considerou que as declarações de Jeroen Dijsselbloem são “profundamente ofensivas, xenófobas e sexistas" e "colidem frontalmente com os valores sociais-democratas”.

O presidente do Partido Socialista Europeu (PSE) já considerou hoje uma “vergonha” que Jeroen Dijsselbloem, membro desta família política, tenha insultado “com uma só frase” tantas pessoas, e sublinhou que aquela posição “não representa o PSE”.

Esta polémica com Dijsselbloem ocorre numa altura em que a sua posição como presidente do Eurogrupo está particularmente fragilizada, na sequência dos resultados eleitorais da passada semana na Holanda, que ditaram uma derrota histórica do seu partido, PvdA (Partido Trabalhista, social-democrata), que era parceiro de coligação do VVD (centro-direita) do primeiro-ministro Mark Rutte.

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