Colômbia: «grandes progressos» no diálogo com as FARC - TVI

Colômbia: «grandes progressos» no diálogo com as FARC

Ex-presidente dos EUA Jimmy Carter esteve em Bogotá

O antigo presidente norte-americano Jimmy Carter destacou, este sábado, os «grandes progressos» que Bogotá e as FARC alcançaram no diálogo para pôr um ponto final ao conflito armado, que dura há meio século.

Jimmy Carter, laureado com o Nobel da Paz, em 2002, fez o comentário após um intenso dia em Bogotá, durante o qual, indicou, manteve encontros com membros da sociedade civil, com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, com ministros e com o antigo chefe de Estado César Gaviria.

«Estou a par dos grandes progressos que se conquistaram nas conversações de paz que vão continuar na segunda-feira, em Havana», afirmou o antigo presidente dos Estados Unidos (1977-1981), numa declaração prestada a partir do Palácio de Nariño, sede da presidência, citado pela Agência Lusa.

Carter, que viu ser-lhe atribuído o Prémio Nobel da Paz como forma de reconhecimento pelo papel que desempenhou na resolução de vários conflitos internacionais, qualificou de «corajosa» a forma como o governo de Juan Manuel Santos se envolveu na terceira tentativa de paz.

O antigo presidente norte-americano frisou ainda o facto de se tratar de um processo que conta com o apoio do «mundo inteiro», porque além de relevante para a Colômbia terá também um grande impacto na América Latina, nos Estados Unidos e nas relações internacionais do continente, na medida em que o país andino é um interlocutor chave.

Por seu lado, Juan Manuel Santos sublinhou que a «simples presença» de Carter na Colômbia é um «estímulo», agradecendo-lhe de antemão os conselhos e experiências de paz que o ex-presidente terá oportunidade de partilhar com a equipa negociadora num jantar a realizar ao final do dia, na Casa de Nariño.

No jantar, os negociadores irão explicar a Carter os pormenores do processo de diálogo com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o qual será retomado na segunda-feira, na capital cubana.

Tanto o Governo como as FARC têm mantido uma postura discreta sobre o que tem vindo a surgir na mesa de negociações, ainda que, pontualmente, tenham dado conta de alguns arranjos logísticos e dos contributos da sociedade civil sobre o problema da terra, primeiro ponto da agenda.

O ex-presidente, de 89 anos, colocou ainda à disposição do governo colombiano a possibilidade de o Centro Carter, que dirige, prestar apoio no âmbito da consolidação dos direitos humanos face a um cenário de paz.

Tal foi divulgado aos jornalistas pelo ministro do Interior, Fernando Carrillo, após a reunião que manteve com o Nobel da Paz em Bogotá, o qual precisou ainda que, dentro dos programas de cooperação, haverá um destinado à abertura de espaços para vítimas do conflito e outros colombianos estigmatizados no passado.

O Centro Carter irá ainda ajudar a levar o desenvolvimento às minorias étnicas do país e orientará o ministério no âmbito de uma reforma eleitoral, proposta no Congresso da Colômbia.

Quando se tornou público o acordo entre as partes, em setembro, o ex-presidente Carter expressou o seu apoio ao governo colombiano e transmitiu a Santos a sua intenção de ajudar, caso tal fosse necessário.

Além de falar da paz, Carter discutiu também com Gaviria e Santos a necessidade de se «encontrarem alternativas para o problema da droga», sobretudo ao nível das estratégias, as quais devem abandonar a «perspetiva punitiva» para serem contempladas antes como um assunto de «saúde pública».

Carter chegou à Colômbia na sexta-feira, devendo regressar este domingo aos Estados Unidos.
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