Português no Líbano: "Já não há espaço nos hospitais para assistir todas as pessoas" - TVI

Português no Líbano: "Já não há espaço nos hospitais para assistir todas as pessoas"

João Sousa, fotojornalista português que se encontra em Beirute, contou à TVI24 que existem hospitais que já não têm capacidade para receber mais feridos e que alguns dos seus amigos, atingidos pela explosão, se encontram em estado grave

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Uma forte explosão no porto de Beirute abalou, esta terça-feira, a capital do Líbano. Os media locais transmitiram imagens de pessoas presas nos escombros de prédios e cobertas de sangue.

De acordo com os dados mais recentes, avançados pela Cruz Vermelha libanesa, foram registadas mais de 100 vítimas mortais e perto de 4.000 feridos. 

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João Sousa, fotojornalista português que se encontra em Beirute, contou à TVI24 que existem hospitais que já não têm capacidade para receber mais feridos e que alguns dos seus amigos, atingidos pela explosão, se encontram em estado grave.

Alguns amigos meu ficaram gravemente feridos com os estilhaços e, portanto, ficaram com vários cortes, profundos. Procuraram assistência hospitalar, mas foram mandados para casa porque já não há espaço nos hospitais para assistir todas as pessoas", explicou. 

Relembra, no entanto, que o Líbano está na segunda semana de confinamento imposta pelo governo, devido à pandemia de Covid-19, e se que torna muito complicado os hospitais terem capacidade de resposta no meio de um desastre como este.

Nos momentos em que esteve a acompanhar algumas das equipas de resgate, pode verificar que estão a ser feitos vários trabalhos de rescaldo e de busca por pessoas que possam estar debaixo dos escombros. 

A situação mais grave será no porto em si. Suspeita-se que estejam lá centenas de pessoas soterradas".

João Sousa ressalvou que a zona do porto de Beirute tem sempre imenso movimento, por ser maioritariamente residencial, e por ter centros comerciais, hotéis, lojas, apartamentos e supermercados.

Testemunhou a entreajuda das pessoas, apesar do cenário de horror e admite que o número de feridos e mortos vai continuar a aumentar nas próximas horas. 

Vê-se muitas pessoas cortadas, em sangue, muita gente em choque e a chorar", descreveu.

Disse ainda que, segundo a imprensa local, há "fortes suspeitas" de que esta explosão se tratou de uma intervenção de Israel, apesar do país já ter negado o seu envolvimento e ter até oferecido ajuda. O poderoso movimento Hezbollah também negou qualquer envolvimento. 

O Presidente libanês, Michel Aoun, convocou uma “reunião urgente” do Conselho Superior de Defesa e o primeiro-ministro, Hassan Diab, declarou um dia de luto nacional, na quarta-feira, “pelas vítimas da explosão”.

O Conselho Superior de Defesa recomendou a declaração de estado de calamidade para todos os bairros de Beirute.

A França e os Estados Unidos já prometeram ajuda humanitária para o Líbano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, disse hoje que a França está “ao lado do Líbano” e ofereceu ajuda.

A França permanece e sempre estará ao lado do Líbano e dos libaneses. Estaremos prontos para prestar assistência de acordo com as necessidades expressas pelas autoridades libanesas”, afirmou o chefe da diplomacia francesa.

Também o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, lamentou “a horrível tragédia” e prometeu “toda a ajuda necessária" no salvamento dos milhares de feridos provocados pelas explosões.

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