Charlotte Evans tem 19 anos e lida com uma doença rara desde os 12 anos. A jovem que vive no Reino Unido já foi submetida a 66 cirurgias que têm como objetivo aliviar a pressão que sente provocada pelo inchaço, que lhe corta a circulação.
Em entrevista à BBC, Charlotte afirma ter sido uma criança saudável que adorava dançar, até que descobriu um caroço na anca e um inchaço que se começou a espalhar pelo abdómen, costas e pernas.
Passei três semanas internada, mas os médicos não sabiam o que tinha causado aquilo. Eles disseram que não conseguiam encontrar nada de errado no meu organismo e garantiram que a situação não aconteceria novamente”.
Mais tarde, foi a mão de Charlotte que revelou os mesmos sintomas. Os médicos diagnosticaram-na com síndrome compartimental.
A síndrome compartimental é provocada pelo acumular de pressão em virtude de uma hemorragia interna ou inchaço num tecido fibroso. A pressão diminui o fluxo sanguíneo e a forma de tratar o problema é através de uma cirurgia (fasciotomia), onde é feita uma incisão que alivia a pressão.
As feridas devem ficar abertas por alguns dias e só depois suturadas.
Simultaneamente, Charlote, lida com a doença e com as reações das pessoas. A jovem tem sofrido acusações, por parte de desconhecidos, de se auto mutilar, uma vez que as cirurgias deixam cicatrizes nos braços e nas pernas.
Recentemente, eu estava num elevador do hospital e um homem de meia idade disse-me que achava vergonhoso e egoísta de minha parte eu me auto mutilasse, enquanto há pessoas a sofrer e morrer por causa do coronavírus”.
Experiências como esta levaram Charlotte a reproduzir, através de desenhos, aspetos relacionados com a doença e o que lhe causa, com o objetivo de sensibilizar as pessoas e evitar ser mal interpretada.
Charlotte chegou a estar internada durante sete meses e 2020 tem sido um ano muito complicado para ela. A jovem teve oito episódios e enfrentou mais complicações do que o habitual, porque as melhoras já não são visíveis como antes.
Atualmente está a realizar um tratamento mais eficaz, mas ainda sofre com as dores.
Os médicos sabem pouco sobre a doença e ainda não encontraram outro caso no mundo. É difícil encontrar uma solução, quando se desconhece a origem do problema.
Charlotte cresceu no hospital, com dores frequentes e que muitas vezes a limitavam à cama. Já aceitou as cicatrizes, que até rodeou com tatuagens e aproveita os períodos em que está melhor para se dedicar ao que realmente gosta.
Comecei a ter aulas de dança novamente, o que me deixa nervosa, porque me preocupa que a minha condição me afete e que não consiga dançar mais”.