Funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência da Venezuela (Sebin, serviços secretos) detiveram esta quarta-feira o vice-presidente do parlamento, Edgar Zambrano.
O anúncio foi feito pelo próprio Edgar Zambrano, através do Twitter. O venezuelano afirmou que foi surpreendido pelos serviços secretos venezuelanos, denominados SEBIN, que o cercaram e impediram de sair do carro. Depois, foi levado para a sede dos SEBIN em Caracas.
Fomos surpreendidos pelo Sebin, como nos negámos a sair da nossa viatura, usaram uma grua para transportar-nos de maneira forçada diretamente ao Helicoide [prisão do Sebin]. Nós democratas vamos continuar a lutar", escreveu.
Numa outra mensagem, publicada na mesma rede momentos antes, o deputado alertava o povo venezuelano de que se encontrava dentro da sua viatura junto da sede do seu partido, a Ação Democrática, em La Florida (centro-leste de Caracas), "cercados pelo Sebin".
Fuimos sorprendidos por el SEBIN, al negarnos salir de nuestro vehículo, utilizaron una grúa para trasladarnos de manera forzosa directamente al Helicoide. Los demócratas nos mantenemos en pie de lucha.
— Edgar Zambrano (@edgarzambranoad) May 8, 2019
Na sexta-feira, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela acusou o vice-presidente do parlamento de vários crimes, como traição à pátria e conspiração, por ter apoiado uma tentativa de golpe de Estado contra o Presidente do país, Nicolás Maduro.
Segundo o Supremo, o deputado opositor Edgar Zambrano é responsável pelos crimes de "traição à pátria, conspiração, incitação à revolta, rebelião civil, associação para cometer delito, usurpação de funções, incitamento público à desobediência das leis e ódio continuado".
Estes crimes estão previstos no Código Penal venezuelano e na Lei Contra Criminalidade Organizada e Financiamento do Terrorismo, explicou.
O Supremo Tribunal de Justiça em pleno ordena que, em virtude do desrespeito do parlamento [onde a oposição detém a maioria e cujo presidente é Juan Guaidó, autoproclamado presidente do país] a várias sentenças e decisões daquele organismo, seja remetida uma cópia certificada da acusação à Assembleia Constituinte [composta por simpatizantes do regime] para a sua informação e outros fins", explica.
Ao procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, foi remetida a informação para continuar com o respetivo processo de penal.
Edgar José Zambrano Ramírez nasceu em Barquisimeto, Venezuela, em 20 de julho de 1955. É advogado e político, sendo atualmente deputado e vice-presidente do parlamento. Entre 2016 e 2018 foi presidente da Comissão Permanente de Defesa e Segurança deste órgão.
É, também, vice-presidente do partido opositor Ação Democrática, um dos mais antigos do país.
Na terça-feira, 30 de abril, Edgar Zambrano, apareceu publicamente em Altamira (leste de Caracas) junto ao autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, e ao político opositor Leopoldo López, apelando à população para ir para as ruas com vista a depor o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Juan Guaidó, que se autoproclamou em janeiro presidente interino da Venezuela e teve na altura o apoio de mais de 50 países e desde a primeira hora dos Estados Unidos, desencadeou na madrugada de 30 de abril um ato de força contra o regime de Nicolás Maduro em que envolveu militares e para o qual apelou à adesão popular.