Venezuela: esperados novos protestos um dia após Guaidó ter sido proibido de sair do país - TVI

Venezuela: esperados novos protestos um dia após Guaidó ter sido proibido de sair do país

  • SS - atualizada às 08:58
  • 30 jan 2019, 08:20

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, convocou os venezuelanos para fazerem esta quarta-feira ações de protesto. Na terça-feira, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela proibiu Guaidó de sair do país e congelou as suas contas. Nicolás Maduro afirmou esta quarta-feira ser a favor de eleições legislativas antecipadas para acabar com a crise política do país, mas recusou a hipótese de um novo escrutínio presidencial

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, convocou os venezuelanos para fazerem esta quarta-feira ações de protesto em escritórios, casas, postos de trabalho e transportes públicos. 

Através de um vídeo que publicou na sexta-feira no Twitter, Juan Guaidó convocou uma grande manifestação para esta quarta-feira e para o próximo sábado, apelando aos venezuelanos para realizarem as ações de protesto, entre as 12:00 e as 14:00 horas locais (entre as 16:00 e as 18:00 horas em Lisboa).

Entretanto, na terça-feira, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela proibiu Guaidó de sair do país, de alienar e hipotecar as propriedades e bloqueou as suas contas em território venezuelano. As medidas, anunciadas pelo presidente do Supremo, Maikel Moreno, vigoram "até que termine uma investigação".

Já esta quarta-feira, Guaidó pediu mais sanções da União Europeia contra o regime de Nicolás Maduro, numa entrevista ao diário alemão Bild.

"Estamos numa ditadura e deve haver pressão", disse Juan Guaidó, denunciando um regime "absolutamente corrupto".

Precisamos de mais sanções da UE, conforme decidido pelos Estados Unidos", insistiu o parlamentar de direita.

Por sua vez, Nicolás Maduro afirmou esta quarta-feira ser a favor de eleições legislativas antecipadas para acabar com a crise política do país, mas recusou a hipótese de um novo escrutínio presidencial, em declarações à agência de notícias estatal russa RIA Novosti.

Seria muito bom realizar eleições parlamentares mais cedo, seria uma boa forma de discussão política, uma boa solução pelo voto popular", disse Maduro.

Maduro rejeitou a hipótese de uma nova eleição presidencial: "As eleições presidenciais ocorreram há menos de um ano, há dez meses", sublinhou.

Não aceitamos os ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos chantagens. As eleições presidenciais tiveram lugar na Venezuela e, se os imperialistas querem novas eleições, devem esperar por 2025", avisou.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, no qual a oposição tem maioria, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos da América.

A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 40 mortos, de acordo com dados das Nações Unidas.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.

Esta quarta-feira, no Porto, há uma ação de solidariedade com a Revolução Bolivariana, promovida pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), em conjunto com outras organizações "solidárias com o povo venezuelano”.

A iniciativa defende o “legítimo direito” do povo venezuelano a decidir soberanamente o seu caminho de desenvolvimento, “um direito consagrado na Carta das Nações Unidas e no Direito Internacional".

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