O autoproclamado Presidente da Venezuela, Juan Guiadó, disse à BBC que avaliará “todas as opções” para destituir Nicolás Maduro e que está a considerar pedir aos Estados Unidos uma intervenção militar.
Na semana passada, o líder da oposição venezuelana lançou uma tentativa fracassada de desencadear uma rebelião militar e forçar Maduro a sair do poder.
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O Presidente venezuelano respondeu falando publicamente a partir de uma base do exército em Caracas, rodeada por soldados.
Guaidó declarou-se Presidente interino da Venezuela em janeiro. Como líder da Assembleia Nacional controlada pela oposição, invocou a constituição para assumir uma presidência interina, argumentando que a reeleição de Maduro no ano passado foi ilegítima.
Mas Maduro, que é apoiado pela Rússia, a China e os líderes do exército da Venezuela, recusou ceder o poder.
Guaidó conta com o apoio de mais de 50 países, incluindo os EUA, o Reino Unido e a maioria das nações latino-americanas, e disse à BBC que o apoio que recebeu dos EUA foi "decisivo".
Eu acho que a posição do Presidente [Donald] Trump é muito firme, o que nós apreciamos, assim como o mundo inteiro", afirmou.
Questionado sobre se gostaria que Trump e os militares dos EUA interviessem, Guaidó respondeu que é "responsável por avaliar" a possibilidade de intervenção internacional, acrescentando: "Eu, como presidente do parlamento nacional, avaliarei todas as opções, se necessário".
Contudo, Trump disse aos jornalistas na sexta-feira que não estava queria envolver os militares dos EUA na Venezuela.
Afirmou ainda que, num telefonema, o Presidente russo, Vladimir Putin, lhe garantiu que "não queria envolver-se na Venezuela para além de gostar de ver algo positivo a acontecer” no país, antes de acrescentar: "E eu sinto o mesmo".
Mas o secretário de Estado Mike Pompeo teve palavras mais duras para a Rússia no domingo, dizendo à emissora norte-americana ABC que "os russos devem sair".
É muito claro, queremos que os russos saiam, queremos os iranianos, queremos os cubanos", afirmou.
Em resposta aos confrontos da semana passada, Nicolas Maduro apareceu na sexta-feira ladeado por soldados numa base do Exército em Caracas, apelando às forças armadas para derrotarem "qualquer conspirador".
Ninguém ousa tocar no nosso solo sagrado ou trazer a guerra à Venezuela", acrescentou Maduro, num desafio que se seguiu a dias de confrontos, durante os quais cinco pessoas morreram, incluindo dois adolescentes.
Mas Guaidó nega que tenha sido derrotado, dizendo à BBC que o presidente Maduro "vem perdendo várias vezes".
Eu acho que o único que realmente se machuca é Maduro", afirmou, acrescentando: "Ele tem perdido todas as vezes. Está cada vez mais fraco, cada vez mais sozinho e não tem apoio internacional. Pelo contrário, nós ganhamos aceitação, apoio e opções futuras."
Alega ainda que é “muito visível que as forças armadas já não suportam Maduro”.
Os confrontos registados desde a madrugada da passada terça-feira provocaram a morte de cinco manifestantes, três dos quais menores, e feriram outras 239 pessoas, segundo informações das Nações Unidas.