Brexit: porque há judeus que querem a nacionalidade alemã? - TVI

Brexit: porque há judeus que querem a nacionalidade alemã?

Pazes feitas com o país que os obrigou a fugir há décadas, mas que continua na União Europeia

Há um antes e um depois do Brexit para os judeus britânicos. A incerteza do futuro no país que decidiu sair da União Europeia, leva a que alguns ponderem fazer as pazes com o país de onde tiveram de fugir há décadas, a Alemanha.

É o caso da Rabi da Sinagoga de Londres e membro da Câmara Alta do Parlamento britânico, Julia Neuberger, que, aos 66 anos, decidiu pedir a cidadania alemã, embora as memórias do Nazismo façam parte do passado da sua família.

“Foi o Brexit que me deu o impulso. Agora, nos meus 60, sinto que fiz as pazes com a Alemanha e este passo só me vai aproximar” do país que lhe garante continuar a ser um cidadão da Europa dos 27.

A decisão não é tomada de ânimo leve, as memórias são dolorosas e pesadas. A maioria dos judeus continua a opor-se a ter passaporte alemão, ao abrigo do artigo 116 da lei da cidadania alemã, que permite às vítimas do nazismo recuperar a nacionalidade alemã.

“A minha filha perguntou-me ‘por que queres fazer isto depois de tudo o que eles fizeram’’”, disse Julia Neuberger à Reuters.

Eles são o pai e a mãe. O pai rumou ao Reino Unido antes da Primeira Guerra, a mãe chegou em 1937, com 22 anos, com o estatuto de refugiada. A família deu o seu nome a um fundo criado para ajudar aqueles que fugiram dos nazis.

O pedido de Julia Neuberger ainda está em processo. Embora 260.000 judeus britânicos neguem este regresso às origens, segundo a Reuters, a verdade é que a possibilidade de acionar o artigo da lei alemão acabou por marcar o 75ª aniversário da Associação de Judeus Refugiados do Reino Unido.

O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão disse à Reuters que já receberam 400 informações e 100 pediram a nacionalidade alemã. Um número elevado, já que recebiam apenas 20 pedidos por ano.

O Reino Unido deve carregar no botão do artigo 50 do Tratado de Lisboa em fevereiro e, consequentemente, iniciar o processo de saída da União Europeia. Foi esta a decisão tomada pelos britânicos em junho de 2016 e provocou a saída de David Cameron da cadeira de primeiro-ministro britânico.

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