“Droga viva” cura mulher com cancro da mama terminal - TVI

“Droga viva” cura mulher com cancro da mama terminal

Judy Perkins

Norte-americana, de 49 anos, tinha um prognóstico de três meses de vida quando um tratamento inovador a deixou sem sinais da doença

Uma mulher com cancro da mama em fase terminal ficou curada após um tratamento inovador ainda em estudo no Instituto Nacional do Cancro dos Estados Unidos (NCI, na sigla original).

A norte-americana Judy Perkins, de 49 anos, tinha um prognóstico de três meses de vida, mas, dois anos depois, não tem qualquer sinal da doença.

O seu caso foi publicado no jornal Nature Medicine.

Judy Perkins, então com 47 anos, tinha já tumores do tamanho de bolas de ténis no fígado e noutras partes do corpo, tumores esses que a quimioterapia não estava a conseguir controlar.

Cerca de uma semana depois do tratamento, comecei a sentir algo. Eu tinha um tumor no peito e conseguia senti-lo encolher. Uma ou duas semanas depois, ele desapareceu", contou Judy à BBC, que ainda se lembra de ver os médicos a “saltitar de empolgação” ao verem os primeiros resultados pós-tratamento.

Judy Perkins foi salva pela imunoterapia, que, de forma resumida, ativa o sistema imunitário ao estimular as células do próprio organismo que habitualmente o defendem das agressões.

No seu caso, explicam os médicos, recebeu uma “droga viva”, a partir das suas próprias células, concretamente 90 mil milhões de células, além de medicamentos que “retiram os travões” do sistema imunitário.

É o tratamento mais altamente personalizado que se possa imaginar", disse à BBC o cirurgião-chefe Steven Rosenberg do NCI.

Ou seja, o tratamento a que Judy Perkins foi sujeita não serve para qualquer paciente com cancro da mama. Isto porque o seu tumor foi analisado geneticamente de modo a identificar as mutações que podem ser formas de combate do próprio cancro.

O cancro de Judy tinha 62 mutações, das quais apenas quatro tinham potencial para serem atacadas pelo sistema imunitário, que, naturalmente, tenta combater os tumores.

Seguiu-se a análise dos glóbulos brancos, os soldados do sistema imunitário, de modo a extrair aqueles capazes de atacar o cancro. Estas células (linfócitos) foram, depois, reproduzidas em laboratório, concretamente, 90 mil milhões.

Este é, no entanto, um caso isolado, para já, segundo os investigadores, uma vez que a imunoterapia não tem tido bons resultados em todos os seus doentes.

O tratamento é altamente experimental e estamos ainda a aprender a aplicá-lo, mas, potencialmente, pode servir para qualquer cancro. Ainda há muito trabalho a fazer, mas há potencial para uma mudança de paradigma no tratamento do cancro, como uma droga sob medida para cada paciente. É muito diferente de qualquer outro tratamento", explicou, ainda, Steven Rosenberg.

 

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