Entrevista a Baltasar Gárzon: «Acho muito difícil que a sentença me absolva» - TVI

Entrevista a Baltasar Gárzon: «Acho muito difícil que a sentença me absolva»

Famoso juiz espanhol não espera regressar à Audiência Nacional

O juiz espanhol Baltasar Gárzon não está à espera de ser absolvido no processo movido pelo Supremo Tribunal de Espanha por prevaricação por querer investigar os crimes do franquismo alegadamente amnistiados.

«Não coloco a possibilidade de voltar à Audiência Nacional. Acho muito difícil que a sentença me absolva. Já se deram muitos passos num sentido muito determinado», afirmou, em entrevista à TVI24.

O magistrado acredita que «toda a questão foi levantada num marco de clara influência política», lembrando que a acusação foi feita por «dois grupos de extrema-direita», e admite recorrer a outras instâncias, como Tribunal Europeu Direitos Humanos, em caso de condenação.

«Nunca se pode cometer prevaricação por interpretar uma lei, tanto mais que outros juízes interpretaram o mesmo que eu», defendeu.

Segundo a interpretação de Gárzon, a Lei de Amnistia de 1977, em Espanha, «estabelecia claramente quais eram os casos a que se devia aplicar e em momento algum foi uma lei pensada para resolver os crimes contra a Humanidade que pudessem ter sido cometidos previamente sob o regime franquista».

«Esses crimes continuam a cometer-se até à data. No caso dos desaparecimentos de pessoas, até não termos confirmado o paradeiro da vítima», afirmou, frisando que 30 mil crianças de pais republicanos foram dadas para adopção sem se descobrir, até hoje, onde estão.

O juiz lamenta que o processo não seja «justo». «Propusemos provas e foram recusadas, alegámos a óbvia falta de garantia do direito de defesa, também ignoraram nossa opinião... Só quero que termine o quanto antes», desabafou.
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