Fundador do Wikileaks processa Equador que o acolhe há seis anos - TVI

Fundador do Wikileaks processa Equador que o acolhe há seis anos

  • 19 out 2018, 19:37
Julian Assange

Julian Assange culpa embaixada em Londres por "violar os seus direitos fundamentais". Um dos seus advogados é o antigo juiz espanhol Baltasar Garzón, que acusa o governo equatoriano de "não fazer o suficiente"

Ali, há gato. E, no caso, até o "bichano" de Julian Assange é visado pelas novas regras de conduta que o fundador do Wikileaks terá de passar a respeitar no seu exílio em Londres, onde vive desde 2012, sob a proteção do Equador. 

Assange, de 47 anos, fundador do site que divulgou documentos, fotos e informações confidenciais sobre negócios obscuros de governos, multinacionais e fortunas pessoais, poderá enfrentar a expulsão da embaixada do Equador, caso não cumpra as novas regras que aparentemente lhe são impostas. Motivo pelo qual avança com um processo contra o governo do país.

Em comunicado, Assange diz que o Equador "ameaçou remover a sua proteção e sumariamente interrompeu o seu acesso ao mundo exterior". Por isso, acusa o estado centro-americano de "violar os seus direitos fundamentais".

Segundo os representantes de Julian Assange, a embaixada recusou que jornalistas e organizações de direitos humanos o pudessem ver e terá instalado bloqueadores de sinal para evitar telefonemas e o acesso à internet.

Assange está asilado na embaixada equatoriana em Londres desde 2012, após ter sido alvo de uma acusação de abuso sexual na Suécia. O caso caiu, mas o australiano receia ainda ser extraditado para o Estados Unidos ou responder perante os tribunais britânicos, devido às revelações do Wikileaks.

Gato, limpeza e comida

Oficialmente, nem a embaixada, nem o governo do Equador terão publicamente assumido restrições à permanência de Assange. Mas, um memorando escrito em espanhol e publicado pela primeira vez no site equatoriano Codigo Vidrio revela que Assange está "entre a espada e a parede".

Aí se diz que, segundo as novas regras internas que Assange deverá adotar em Londres a partir do dia 1 de dezembro, ele terá de pagar as suas próprias despesas com alimentação, assistência médica e lavandaria.

Mais. Os seus visitantes deverão ter autorização prévia e terá, não só de manter os espaços limpos dentro da embaixada, como cuidar melhor do seu gato de estimação.

Segundo o memorando, que o governo do Equador não nega ser legítimo, além dos cuidados com o gato, a limpeza e a alimentação, Assange também ficará proibido de interferir nos assuntos políticos de qualquer outro país.

"Tom ameaçador"

Em defesa de Assange, surge o mediático juiz espanhol Baltasar Garzón, agora na pele de advogado, que voou esta semana para o Equador, onde falou à imprensa.

Várias medidas têm um tom ameaçador", segundo Garzón, que, numa conferência de imprensa, acusou o governo equatoriano de "não fazer o suficiente" para defender Julian Assange.

Este é o momento em que precisam de agir... É do interesse do Equador e também do interesse do senhor Assange", acrescentou Garzón.

Carlos Poveda, outro dos advogados que defende Assange, disse à cadeia de comunicação CNN que as regras em causa eram "uma imposição unilateral do Equador para enfraquecer o asilo concedido a Assange, estabelecendo condições mais fortes do que as de uma prisão".

Sobre as novas regras de vida na embaixada em Londres - que deverão ser impostas a Assange, embora ainda não lhe tenham sido oficialmente comunicadas - o Ministério das Relações Exteriores do Equador tem-se mantido na evasiva.

O Equador é um Estado soberano, que toma as suas decisões sobre política externa com autonomia e cuidando dos interesses nacionais, enquanto segue rigorosamente as leis internacionais", referiu publicamente a diplomacia do país.

Mas, em março, a embaixada do Equador cortou o acesso de Assange à Internet: "O governo do Equador adverte que o comportamento de Assange através das suas mensagens coloca em risco o bom relacionamento do país com o Reino Unido, outros países da União Europeia e outras nações", foi a justificação da diplomacia equatoriana.

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