Polícia envolvido na morte de australiana dá primeira explicação - TVI

Polícia envolvido na morte de australiana dá primeira explicação

Justine Damond

O agente que estava a conduzir o carro patrulha já relatou às autoridades a sua versão dos incidentes que culminaram na morte de Justine Damond, de 40 anos

O mistério que envolve a morte de uma australiana de 40 anos de idade, em Minneapolis, continua sem resposta. Justine Damond, chamou a polícia depois de ouvir um barulho e acabou por ser atingida mortalmente por um dos agentes sentado no carro. Na altura, ela suspeitou que poderia estar a decorrer um crime de natureza sexual nas proximidades.

Matthew Harrity, o polícia que estava ao volante do carro patrulha, já foi ouvido pelos investigadores responsáveis pelo caso, escreve o jornal The Washington Post. Já Mohamed Noor, que seguia no lugar do passageiro e fez o disparo que vitimou mortalmente Justine, ainda não se disponibilizou para prestar depoimento. Ambos foram suspensos das funções.

Fomos “assustados por um grande barulho”, perto do carro, garantiu Matthew Harrity aos investigadores.

Após receberem uma chamada para a linha de emergência, os polícias estavam a passar junto de um beco, perto da casa de Justine Damond. Logo após ouvirem “um grande barulho”, contou o polícia, a australiana aproximou-se do veículo pelo lado do condutor. É nessa altura, que o agente que estava sentado no lugar do passageiro dispara através da janela aberta do condutor.

Esta é a primeira versão dos acontecimentos daquela noite fatídica, mas na verdade pouco explica em relação ao sucedido. A informação também só foi divulgada depois da família de Justine Damond ter criticado duramente, junto dos órgãos de comunicação social, as autoridades por nada dizerem sobre o sucedido. 

Estamos desesperados por informação. Estamos devastados pela morte de Justine e seria um pequeno conforto para esta tragédia conhecer os seus últimos momentos", afirmou o seu noivo Don Damond aos jornalistas.

Os investigadores acrescentaram ainda que Thomas C. Plunkett, advogado de Mohamed Noor, ainda não confirmou quando o cliente “pode ser ouvido ou se vai falar”.

A Presidente da Câmara de Minneapolis, Betsy Hodges, já veio explicar publicamente que o agente não poder ser obrigado a falar, no entanto, acrescentou que “ele tem uma história a contar que mais ninguém tem. Não o podemos obrigar por lei, mas esperamos que faça um depoimento”.

Ainda segundo Matthew Harrity, após o incidente, os dois saíram do carro para prestar cuidados médicos à vítima. Perto do corpo da vítima apenas terá sido encontrado um telemóvel.

Apesar de estarem a usar câmaras de filmar nas fardas, nenhum dos agentes tinha o equipamento ligado durante o incidente. Este só foi ativado após a morte de Justine. Quanto ao motivo pelo qual não estavam ligadas, não foi dada qualquer explicação. Nem sequer a câmara do carro estava a gravar.

Segundo o The Washington Post, o porta-voz da polícia de Minneapolis também escusou esclarecer se os agentes iam ser investigados por terem as câmaras desligadas, já que o departamento tem uma norma interna que determina que estas sejam ativadas antes do uso da força. Caso isso não aconteça, estas devem ser ligadas “o mais depressa possível, quando for seguro”.

Mohamed Noor entrou na força policial em 2015 e Matthew Harrity começou ao serviço no ano passado. Mohamed Noor nasceu na Somália, mas foi para os Estados Unidos ainda muito pequeno. Thomas C. Plunkett, o seu advogado, divulgou um comunicado onde garante que Noor entrou na polícia “para servir a comunidade e proteger a vida das pessoas”.

No entanto, em apenas dois anos de serviço, Mohamed Noor já tinha três queixas contra a sua conduta. Dois casos ainda estão sob investigação. 

Matthew Harrity disse ainda aos investigadores que na altura em que tudo aconteceu, um jovem estava a andar de bicicleta nas redondezas e que, garante, os viu a dar assistência médica à vítima. A equipa que tem o processo em mãos espera conseguir falar com esta possível testemunha e outras que possam ter presenciado o incidente.

Só este ano, segundo o The Washington Post, pelo menos, 547 pessoas foram mortas a tiro pela polícia.

“Alguma coisa correu claramente mal”

A morte desta australiana de 40 anos despertou a atenção internacional. E até o primeiro-ministro australiano já falou sobre o caso. Numa entrevista ao programa Today Show do Channel Nine, Malcolm Turnbull afirmou que “alguma coisa correu claramente mal”.

Como é que uma mulher que está na rua, vestida de pijama, em busca de ajuda, pode ser morta assim?”, questiona o governante. “É uma morte que choca e é inexplicável. Estamos a pedir esclarecimentos às autoridades em nome da família e os nossos corações estão com todos os familiares e amigos.”

Até agora foi dito que Justine Damond morreu de um único tiro no abdómen, no entanto, a o canal de televisão de Minneapolis KSTP avança que o agente Noor disparou vários tiros.
 

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