A China advertiu os Estados Unidos de que vão pagar "um preço alto" se a embaixadora norte-americana na ONU visitar Taiwan nos próximos dias, como anunciado pelo Departamento de Estado dos EUA.
Os Estados Unidos pagarão um preço alto pela má ação. A China insta os Estados Unidos a pararem com a sua provocação louca, a deixarem de criar novas dificuldades para as relações sino-americanas e para a cooperação dos dois países no seio das Nações Unidas", de acordo com uma declaração da missão chinesa junto da ONU, divulgada na quinta-feira.
A China "opõe-se firmemente" a esta visita de Kelly Craft e apelou aos Estados Unidos para "deixarem de ir mais além no caminho errado", reiterando a posição de Pequim de que existe uma só China e Taiwan é apenas uma província.
Antes, a agência de notícias oficial chinesa Xinhua já tinha criticado o plano para uma visita, nos próximos dias, a Taiwan da embaixadora dos EUA na ONU, indicando que se trata de uma violação da soberania chinesa.
No ano passado, apesar da oposição de Pequim, a administração cessante liderada por Donald Trump já tinha enviado representantes para Taiwan, num cenário de disputas entre os Estados Unidos e a China sobre comércio, segurança e direitos humanos.
Taiwan dá as boas-vindas a Kelly Kraft
Taiwan deu hoje as boas-vindas à próxima visita de um alto diplomata norte-americano, na última semana da presidência de Donald Trump.
Kelly Craft vai visitar Taipé entre 13 e 15 de janeiro, nas vésperas de o presidente eleito Joe Biden tomar posse.
A Missão dos Estados Unidos nas Nações Unidas afirmou hoje que a visita "reforça o forte e contínuo apoio do governo dos Estados Unidos ao espaço internacional de Taiwan".
Um porta-voz do gabinete presidencial de Taiwan apontou que o território, que funciona como uma entidade política soberana, apesar da oposição de Pequim, "saúda sinceramente" a visita, e que as discussões finais sobre a viagem ainda estão em andamento.
Esta visita é um "símbolo da sólida amizade entre Taiwan e os EUA e ajudará a aprofundar a parceria EUA-Taiwan", disse o porta-voz.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, anunciou na quinta-feira que a viagem de Craft visa demonstrar o que "uma China livre poderia alcançar".
Trata-se de mais um movimento da administração Trump visando intensificar os contactos oficiais com a ilha, mas que arrisca exacerbar as tensões entre Washington e Pequim, já no ponto mais alto em décadas, face a uma prolongada guerra comercial e tecnológica e diferendos em torno das questões de Hong Kong ou do mar do Sul da China.
Craft foi nomeada pelo presidente Donald Trump para o cargo em 2019.
Sob a administração Trump, altos funcionários do executivo norte-americano passaram a visitar Taiwan.
Em agosto, o secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Alex Azar, visitou a ilha e o subsecretário de Estado dos EUA, Keith Krach, visitou também Taipé, no mês seguinte.
Em ambas as visitas, a China enviou caças para junto do espaço aéreo da ilha, numa demonstração de força.
Pequim continua a rejeitar Taiwan como uma entidade política soberana e ameaça usar a força para reunificar o território, se necessário.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
Taiwan, que se auto designa República da China, tornou-se, entretanto, uma democracia com uma forte sociedade civil, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação pela força.
Pequim critica qualquer relação oficial entre países estrangeiros e Taipé, trocas que considera um apoio ao separatismo de Taiwan.
Os EUA não têm relações diplomáticas formais com Taiwan, mas têm sido uma importante fonte de apoio político não oficial e também um fornecedor de armamento de defesa.