Kim Jong-un já não receia o mundo e a prová-lo está a sexta viagem ao estrangeiro nos últimos dez meses. O líder da Coreia do Norte está em visita oficial de três dias à China, o seu grande aliado diplomático e comercial, onde chegou nesta terça-feira, acompanhado pela mulher Ri Sol-ju e naquele que poderá ser o dia do seu 35.º aniversário.
É certo que quatro das seis viagens foram a Pequim, para se reunir com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, mas tal nunca aconteceu nos seus primeiros seis anos de governação.
A primeira viagem à China ocorreu em março de 2018 e as duas seguintes tiveram lugar antes de dois encontros históricos de Kim Jong-un: no final de abril, com o líder da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na zona desmilitarizada entre as duas Coreias; em junho, em Singapura, com o presidente norte-americano Donald Trump.
E é precisamente numa altura em que Trump admitiu que um segundo encontro com Kim estará para breve que sucede esta quarta visita à China, a sua principal fonte de comércio e ajuda. Um encontro que, à semelhança dos três anteriores, não foi anunciado previamente.
Na análise de Harry J. Kazianis, diretor de Estudos de Defesa do Centro norte-americano para o Interesse Nacional (Centre for the National Interest, no original), “Kim quer mostrar à administração Trump que tem soluções diplomáticas e económicas para além do que Washington e Seul podem oferecer”, disse em declarações à Reuters.
A China pode facilmente transformar a estratégia de Trump de ‘máxima pressão’ em nada mais do que uma memória, até porque a maior parte do comércio externo da Coreia do Norte circula pela China”, apontou.
As relações económicas entre a China e os Estados Unidos já tiveram melhores dias, as sanções norte-americanas à Coreia do Norte mantêm-se apesar do compromisso de Kim Jong-un com a desnuclearização, mas a administração Trump acredita que nada disto estará por trás desta visita à China e que o próprio Xi Jinping, que tem atuado como mediador entre Pyonyang e Washington, sabe separar as águas.
A China foi muito clara connosco, de que se tratam de assuntos distintos. O seu comportamento demonstra-o e nós agradecemos. A China tem sido, aliás, um bom parceiro nos nossos esforços de desnuclearização da Coreia do Norte e espero que assim continue”, defendeu o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo, em entrevista à CNBC.
Para já sabe-se apenas que Kim Jong-un chegou a Pequim acompanhado de várias figuras de Estado do seu governo, além da mulher.