Uma deputada da cidade de Kusatsu, no centro do Japão, foi afastada do cargo depois de ter acusado o presidente da câmara de violação. A decisão foi tomada em referendo e a votação foi esmagadora: 92% dos eleitores quiseram a destituição. Em valores absolutos, 2.542 dos 2.835 habitantes votaram a favor da decisão.
Tudo começou em novembro de 2019. A deputada Shoko Arai, de 51 anos, publicou um livro em que dizia ter sido forçada a manter relações sexuais com o autarca da cidade, afirmando também que as mulheres de Kusatsu são tratadas como objetos e obrigadas a envolverem-se com os homens mais influentes.
Na sequência das revelações, foi apresentada uma moção para demitir o presidente da câmara, que viria a ser recusada.
Insatisfeitos com as acusações, 19 residentes na cidade acabaram por pedir a demissão da deputada, propondo que fosse a população local a decidir, num referendo que se realizou este domingo.
No texto enviado ao parlamento, o grupo de cidadãos acusava Shoko Arai de “degradar” a imagem das mulheres da região e de manchar a reputação do autarca. O pedido de demissão retratava ainda o mandato da única mulher no parlamento local como um “desperdício de dinheiro dos contribuintes”.
A população votou em massa pela destituição da deputada, mas a decisão está a ser criticada em todo o Japão, que classifica o desfecho como “injusto e sexista”. O país é considerado como um dos mais desiguais do mundo no que respeita às questões de género e apenas 10% dos cargos políticos são ocupados por mulheres.