Colômbia: autoridades confirmam que avião não tinha combustível - TVI

Colômbia: autoridades confirmam que avião não tinha combustível

  • Sofia Santana
  • atualizada às 11:28
  • 1 dez 2016, 10:37

Oficial da Autoridade Aeronáutica da Colômbia Fredy Bonilla anunciou que foi aberta uma investigação para perceber por que é que isto aconteceu. O jornal brasileiro O Globo avança que atrasos na partida em São Paulo desencadearam uma série de alterações no plano de viagem até Medellín

As autoridades colombianas confirmaram esta quarta-feira que o avião da companhia aérea Lamia, que se despenhou na Colômbia, não tinha combustível. Uma informação que, logo após a queda do aparelho, na segunda-feira, foi avançada pela imprensa colombiana.  

O oficial da Autoridade Aeronáutica da Colômbia Fredy Bonilla anunciou que foi aberta uma investigação para perceber por que é que isto aconteceu, uma vez que vai contra as normas de aviação internacionais.

"Podemos garantir que a aeronave não tinha combustível no momento do impacto. Iniciámos um processo de investigação para poder esclarecer o motivo pelo qual tal aeronave não contava com combustível no momento do impacto."

O responsável sublinhou que as normas internacionais estipulam que os aviões tenham uma reserva de combustível que, em caso de emergência, permita viajar durante 30 minutos até um aeroporto alternativo. Sobre a "falha elétrica" que o avião comunicou à torre de controlo, Bonilla explicou: “os engenhos são a parte elétrica, mas sem combustível é claro que a fonte elétrica seria completamente perdida”.

As declarações deste oficial surgem depois de ter sido divulgada uma conversa entre o piloto do avião, Miguel Quiroga, e a torre de comando local, durante a qual o comandante pede permissão para aterrar, referindo problemas em relação ao combustível da aeronave.

Bonilla descredibilizou as comunicações divulgadas, alegando que as mesmas não foram emitidas pela Autoridade Aeronáutica e, por isso, não são certificadas.

"Foram difundidas comunicações entre a torre de controlo e o avião que não são certificadas, nem emitidas pela autoridade aeronáutica. Estas comunicações são editadas e não são exatas nos tempos", sublinhou.

O voo 2922 da companhia aérea Lamia despenhou-se na madrugada de segunda-feira, em Cerro El Gordo (Monte O Gordo). O aparelho tinha saído de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, com destino ao aeroporto internacional José María Cordova, em Ríonegro, que serve a cidade colombiana de Medellín.

Tinha 77 pessoas a bordo, incluindo jogadores e equipa técnica do clube brasileiro Chapecoense, que iria disputar a final da Taça Sul-Americana frente ao Atlético Nacional, em Medellín. Havia 22 jornalistas a bordo.

Atrasos em São Paulo obrigaram a várias alterações

O jornal brasileiro O Globo avança que atrasos na partida em São Paulo desencadearam uma série de alterações no plano de viagem do Chapecoense até Medellín. A equipa brasileira partiu de São Paulo para Santa Cruz de la Sierra num voo comercial da companhia BoA, tendo aqui mudado de aparelho para um voo charter da Lamia.

O Chapecoense tinha alugado um voo charter à companhia Lamia, mas, em São Paulo, as autoridades aéreas brasileiras não deram autorização a esta companhia aérea para voar. É que um voo entre o Brasil e a Colômbia só pode ser operado ou por uma transportadora aérea brasileira ou por uma colombiana.

Assim, a solução do clube foi embarcar numa aeronave da companhia BoA (Boliviana de Aviación) para Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) e, de lá, iniciar a viagem com a Lamia.

Só que o voo da BoA atrasou mais de uma hora para sair do Brasil - a previsão era às 15:15, mas o aparelho só descolou às 16:22 e a aterragem prevista para as 17:32 só aconteceu às 18:41.

Assim, o voo entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín também atrasou e impediu uma paragem em Cobija (Bolívia) para reabastecimento, uma vez que o aeroporto não opera à noite e a previsão de chegada a esse aeroporto era às 20:00.

O piloto tinha a hipótese de reabastecer em Bogotá, mas decidiu ir direto para Medellín, segundo afirmou um responsável da Lamia ao jornal boliviano Pagina Siete.

"O piloto foi quem tomou essa decisão. Ele achava que o combustível ia chegar", disse Gustavo Vargas, responsável da companhia aérea Lamia, citado pelo jornal boliviano Pagina Siete

 

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