Naufrágio: migrantes pagam mais de dois mil euros em viagem para a morte - TVI

Naufrágio: migrantes pagam mais de dois mil euros em viagem para a morte

Naufrágio de imigrantes perto de Lampedusa [EPA/ETTORE FERRARI]

Na quinta-feira chegou a notícia de que mais 240 pessoas perderam a vida ao atravessar o Mediterrâneo. Entre elas estavam crianças e mulheres grávidas

É uma notícia repetida demasiadas vezes, mas que nunca deixará ninguém indiferente. Mais um naufrágio ao largo da Líbia, mais 240 vidas que se perderam na quinta-feira. Só este ano, já terão morrido mais de 4200 pessoas e ainda faltam dois meses para terminar 2016.

A maioria das vítimas do naufrágio de quinta-feira eram oriundas do Senegal, da Libéria, da Guiné e da Nigéria. Entre elas, crianças e mulheres grávidas. Depois da notícia dos mortos, as Nações Unidas revelam as histórias dos sobreviventes. Histórias de vida marcadas pela morte.

É o caso de uma mulher de 31 anos, da Libéria. Ela é uma dos 29 sobreviventes do bote que se virou pouco depois de zarpar. Ironicamente, agora que conseguiu chegar a Lampedusa, em Itália, não tem nada para se agarrar.

"A tragédia deixou esta mulher em estado de choque profundo depois de ter assistido ao afogamento dos filhos e do irmão sem poder fazer nada para os salvar. Esta mulher sofre também de pneumonia grave”, refere Helena Rodriguez, ginecologista e mediadora cultural da UNICEF. Os filhos tinham dois e 13 anos.

A ONU encontrou ainda outras duas mulheres que também perderam os filhos no mar.

Pagar milhares por uma viagem para a morte

A mulher liberiana “pagou aos contrabandistas 2.400 dólares (cerca de 2.162 euros) pela travessia da família da Líbia para Itália”, mas “quando ela e outras pessoas viram a embarcação sem o mínimo de condições para se fazer ao mar, não queriam entrar porque tiveram medo. Mas os contrabandistas começaram a disparar contra eles e obrigaram-nos a embarcar, e foi por isso que tantas pessoas morreram a apenas 12 quilómetros da costa da Líbia”, contou a mediadora da UNICEF. 

Helena Rodriguez disse que resgatados chegaram ao porto de Lampedusa em condições físicas e psicológicas muito precárias, alguns em coma e outros com queimaduras graves devido à exposição ao combustível do barco.

Segundo as Nações Unidas, já chegaram a Itália, por mar, cerca de 160.000 pessoas só este ano.

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