«Temos um milhão para atacar quartel de Khadafi» - TVI

«Temos um milhão para atacar quartel de Khadafi»

Representante da revolução disse ao tvi24.pt que espera um «banho de sangue» esta noite, no «último capítulo da revolução»

Um representante da «Coligação do 17 de Fevereiro», que está por detrás da revolução na Líbia, disse esta tarde ao tvi24.pt que «um milhão de pessoas» se prepara para tomar o complexo militar onde se encontra «entrincheirado» Muammar Khadafi. Contou ainda que estão a ser «mortas e feridas centenas de pessoas em Trípoli, neste momento».

«Agora mesmo estão a juntar-se um milhão de pessoas para atacar um quartel-general onde ele se encontra», disse Omran Mohamed Omran, numa conversa telefónica. O jornalista, que se encontra exilado em Espanha, há 21 anos e colabora com vários jornais árabes, assegurou que se mantém em contacto «permanente» com o seu país. «Temos os nossos meios para comunicarmos via satélite com um tipo de telefone especial, que permite contornar os bloqueios nas comunicações».

Omran salientou que o líder líbio encontra-se «entrincheirado» com a sua família e rodeado de um exército de mercenários «ucranianos, sérvios, somalis, do Zimbabué e de outros países». «Estão todos no quartel de Babalasisiya, que tem 50 quilómetros quadrados», explicou, sem conseguir precisar quantos homens estão lá. «Não sabemos exactamente quantos, por que é uma zona muito grande, mas sabemos que são muitos».

Khadafi isolado

O representante em Espanha da «Coligação do 17 de Fevereiro» garantiu que Khadafi está «completamente isolado» e que os «militares estão todos do lado do povo». «Já não está no poder. Perdeu toda a legitimidade internacional, no mundo árabe. Não tem embaixadores, nem ministros, nem tampouco os seus principais generais».

O jornalista disse temer que possa haver «um banho de sangue esta noite», porque «os mercenários de Khadafi estão bem equipados». Mas está certo do fim do regime. «Este será o último capítulo da revolução».

Omran considerou que os ataques sobre manifestantes esta sexta-feira na capital, por parte de forças de Khadafi, são uma manifestação do estado agonizante do regime e denunciou: «Há centenas de mortos e feridos em Trípoli neste momento».

O dissidente líbio não teme uma guerra civil no país, mesmo com os apelos de Khadafi à violência . «O país está unido, o Leste com o Oeste. Queremos um mesmo país, com a mesma capital, Trípoli».

Omran Mohamed Omran negou também qualquer envolvimento da Al Qaeda nesta revolta. «Essa é uma tentativa de Khadafi meter medo aos europeus. Se Bin Laden estivesse por detrás disto tudo, seria a maior potência do mundo».

«Um país laico»

«Nós vamos criar um país laico, uma democracia civil, com independência judicial, imprensa livre, liberdade de expressão e de associação, com formação de partidos políticos e eleições para que os líbios escolham quem querem que os governe», assinalou.

O jornalista apontou o dedo com dureza à «hipocrisia» da comunidade internacional, que «permitiu que Khadafi permanecesse no poder» durante quatro décadas e que está a «permitir este banho de sangue» por não intervir de «forma clara».



Depois da revolução, assegura, a Líbia que emergir deste levantamento «irá pedir contas» a nível internacional. «Temos uma lista de países que vão ter de prestar contas», garantiu, dizendo que esses países são os que «pensam que a Líbia é só petróleo e armas». «Países como a Inglaterra, a França, os EUA, a Alemanha e Israel», frisou.

«As armas que Khadafi está a utilizar contra o povo foram eles que as venderam. Armas proibidas a nível mundial», disse. «Os manifestantes estão a ser atacados com canhões anti-aéreos e balas explosivas. O que se recolhe das ruas não são corpos, são farrapos».
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