"Todos os venezuelanos querem o mesmo: que acabe a usurpação, governo de transição e eleições livres" - TVI

"Todos os venezuelanos querem o mesmo: que acabe a usurpação, governo de transição e eleições livres"

Lilian Tintori, mulher do principal opositor de Maduro que se encontra em prisão domiciliária desde 2017, em entrevista exclusiva à TVI24 em Caracas

Lilian Tintori, mulher de Leopoldo Lopez, o principal opositor de Maduro que se encontra em prisão domiciliária desde 2017, falou em exclusivo à TVI24 em Caracas. 

Para Lilian, o marido e pai dos seus três filhos, "continua preso injustamente", mas a sua atitude em 2014 fez com que "o país reagisse e se levantasse".

"Em 2014, neste local, nesta praça, denunciou Nicolás Maduro com um ditador, anti-democrático, corrupto e ineficiente. Por dizer isso foi preso, torturaram-no na prisão militar durante três anos e meio e hoje está em casa, comigo, mas a minha casa está rodeada de polícias. Ele está firme, está forte, está convencido de que o que fez foi correto, afirmar-se como político para que o país reagisse e se levantasse. O país levantou-se. Protestámos em 2014, protestámos em 2017, estamos a protestar em 2019 e, para além disso, já com um presidente interino, que é Juan Guaidó", afirmou durante a manifestação da oposição em Caracas que contou com a presença do autoproclamado presidente interino.

Questionada como é que acha que o povo venezuelano vai sair desta crise entre o regime e a oposição, Lilian garantiu acreditar que toda esta situação se vai "resolver a bem".

"Esta situação vai resolver-se a bem, esta transição vai continuar até que haja eleições livres e democráticas e, por isso, todos os venezuelanos querem o mesmo: que acabe a usurpação, governo de transição e eleições livres. É isso que repetem todos os venezuelanos em toda a Venezuela, apoiando o caminho da oposição, apoiando o caminho correto que, para além disso, o mundo apoia. Todos os países do mundo estão com este caminho, apoiam os venezuelanos neste caminho".

Esta quarta-feira, centenas de venezuelanos da oposição saíram à rua para protestar contra o regime de Nicolás Maduro e apoiar Juan Guaidó que, no dia 23 de janeiro, se autoproclamou presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram, sexta-feira, ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.

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