Jornalista culpa polícia depois de ficar parcialmente cega: "Impossível terem-me confundido" - TVI

Jornalista culpa polícia depois de ficar parcialmente cega: "Impossível terem-me confundido"

Jornalistas dos Estados Unidos têm-se queixado da repressão e violência pessoal no exercício da sua profissão durante a cobertura dos protestos antirracistas

A fotojornalista norte-americana Linda Tirado estava a cobrir os protestos antirracistas na cidade de Minneapolis, Estados Unidos, quando foi atingida num olho por uma bala de borracha disparada pela polícia. O episódio, que a deixou cega da vista esquerda, aconteceu no final do mês de maio. Agora, em entrevista à CNN, a repórter diz que "não havia forma" de a confudirem com qualquer outra pessoa que não alguém da imprensa.

Havia manifestantes atrás de mim, a polícia estava à minha frente, mas consegue-se ver através das fotografias que não existe gás à nossa volta", referiu, aludindo ao facto de a visibilidade ser boa no local.

Através das suas redes sociais, a jornalista partilhou as últimas imagens que tirou antes de ser atingida, e que estão expostas na galeria associada ao artigo. Numa delas, como a própria refere, é possível ver um agente a apontar a arma diretamente à mulher.

Polícia aponta a arma a Linda Tirado

Agora, Linda Tirado está a processar a cidade de Minneapolis e o chefe da polícia pelas lesões sofridas. Foi precisamente nesta cidade do estado do Minnesota que o afro-americano George Floyd foi morto por um agente da polícia, sendo esse o episódio que despoletou os protestos que a jornalista estava a cobrir.

Os advogados Tai-Heng Cheng e Sidley Austin, que aceitaram o caso da jornalista em regime pro bono, afirmam que este é um caso que pode servir de exemplo para toda a profissão.

A constituição norte-americana é clara: não se dispara sobre jornalistas que estão a cobrir protestos. Isso é fundamentalmente não-americano. Este caso é realmente importante para estabelecer um princípio", refere Tai-Heng Cheng, citado pela CNN.

Os jornalistas norte-americanos têm-se queixado da violência e repressão policial. São centenas aqueles que se queixam de terem sido agredidos ou presos durante a cobertura das manifestações.

A organização Press Freedom Tracker, que defende a liberdade de imprensa, já registou mais de 400 incidentes envolvendo jornalistas, manifestantes e polícias. O representante da Freedom of the Press Foundation, Parker Higgins, refere que, segundo a primeira emenda da constituição norte-americana, "os jornalistas têm direito a cobrir eventos públicos".

Segundo o último ranking elaborado pelos Repórteres sem Fronteiras, os Estados Unidos estão em 45.º lugar na liberdade de imprensa, ficando mesmo atrás de países como o Burkina Faso ou o Gana. 

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