"Apesar do esforço que vem empreendendo com a fanfarra mediática já pelo povo angolano bem conhecida que não interfere nos assuntos que competem ao poder judicial, nós já não nos deixamos embalar pelas cantigas infantis do seu regime", lê-se na carta, manuscrita, hoje divulgada em Luanda e assinada pelos ativistas, sob detenção desde junho.
Contactados pela Lusa, os advogados dos ativistas em julgamento, Luís Nascimento e David Mendes, afirmaram desconhecer o teor desta carta, reservando uma posição para mais tarde.
O tribunal de Luanda, em Angola, que está julgar os 17 jovens acusados de preparem uma rebelião, entre os quais, Luaty Beirão, prolongou na sexta-feira o julgamento por mais uma semana, depois de em cinco dias apenas ter sido concluída a audição de dois arguidos.
Luaty Beirão cumpriu já uma greve de fome durante 36 dias, o que gerou uma onda de solidariedade para com a sua causa e indignação em relação ao processo.
Com 33 anos, é um dos 16 jovens em prisão preventiva desde junho e formalmente acusado desde 16 de setembro pelo Ministério Público angolano de atos preparatórios para uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos. Além dos 15 detidos, mais duas jovens estão em liberdade provisória.
O ativista começou a greve de fome, por "vontade própria", por entender que os seus "direitos constitucionais" estão "a ser desrespeitados", exigindo - como prevê a lei angolana para o crime em causa - aguardar julgamento em liberdade.