Líder de movimento anti-islâmico caracterizado de Hitler: «Ele está de volta» - TVI

Líder de movimento anti-islâmico caracterizado de Hitler: «Ele está de volta»

  • MM - Atualizada às 18:11
  • 21 jan 2015, 17:44
Lutz Bachmann caracterizado de Hitler (TWITTER)

Lutz Bachmann garante que não é racista. Está à frente do Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente, um movimento que, nos últimos meses, tem reunido milhares de pessoas em marchas e protestos contra aquilo que considera ser uma «ameaça» que está a «prejudicar a Alemanha»

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Está a tornar-se viral a fotografia de Lutz Bachmann, de 41 anos, líder do Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente), caracterizado de Hitler e que o próprio terá publicado na página do Facebook, acompanhada da legenda «Ele está de volta».
 
A pagina do Facebook foi entretanto desativada. Bachmann terá apagado o perfil pouco depois de ser contactado pelo jornal «Dresden Morgenpost» para comentar a fotografia. Mas a imagem está a ser amplamente replicada nas redes sociais e em capas de jornais alemães.  

Aliás, de acordo com a France Presse, o líder do Pegida anunciou, esta quarta-feira, que vai deixar a liderança do movimento, na sequência da publicação da fotografia:  «Sim, confirmo que me vou afastar»


 
O Pegida é um movimento fundado em outubro de 2014, com fundamentos «anti-islamização» do Ocidente, e tem vindo a reunir cada vez mais apoiantes em Dresden, na Alemanha. O primeiro encontro contou com pouco mais de 200 pessoas. A 22 de dezembro último, poucas semanas depois, juntou mais de 17 mil para cantar canções de Natal frente à Ópera da cidade. O objetivo era, alegavam, alertar o mundo que a população de Dresden defende a fé cristã.
 
Os serviços secretos alemães acreditam que Bachmann corre sérios riscos e será um alvo de terroristas islâmicos, que, nas redes sociais, já ameaçaram matá-lo. Por isso, a manifestação que estava convocada para o último dia 13 de janeiro, acabou por ser cancelada.
 
A fotografia que agora se torna viral levanta ainda maiores suspeitas de que o movimento que lidera tem ligações à extrema-direita. De acordo com o jornal britânico «The Guardian», a fotografia foi descoberta por um leitor do «Dresden Morgenpost», que relata uma série de comentários de Lutz Bachmann e dos seus seguidores, em que se referiam aos imigrantes como «gado», «vermes» e «lixo».
 

Ao jornal «Bild», Bachmann explicou que tirou a fotografia «no cabeleireiro, para a publicação do audiobook da sátira [novela] Ele está de volta… É preciso sermos capazes de nos rirmos de nós, agora e sempre».
 
Sobre os comentários depreciativos que teria feito sobre imigrantes, respondeu: «não comentamos sobre assuntos particulares».
 
Em dezembro, numa entrevista ao «Bild», garantiu: «Não sou racista».   «Não somos contra o direito de asilo. Nós combatemos os refugiados económicos», sublinhou.
 
A verdade é que o Pegida tem sido, desde o início, ligado à extrema-direita e parece também ter mudado o foco dos ataques aos muçulmanos para críticas contundentes aos imigrantes mais desfavorecidos.
 
Esta quarta-feira à noite o Legida, uma ramificação do grupo em Leipzig, tem reunião marcada. As autoridades esperam cerca de 100 mil manifestantes, apoiantes do movimento, mas também contra-manifestantes. Dezanove contra-manifestações e vigílias foram registadas junto das autoridades. 


Quem é Lutz Bachmann?

 
Lutz Bachmann é dono de uma agência de fotografia e relações públicas. Não teve qualquer problema em confessar na página do Facebook agora desativada que foi condenado pela justiça alemã a três anos e meio de prisão, embora não especifique quais os crimes. A imprensa alemã fala em vários delitos, entre eles roubo.


 
Filho de um talhante de Dresden, terá abandonado os estudos de hotelaria e ter-se-á dedicado aos assaltos a clientes das prostitutas da cidade.
 
Terá ainda fugido para a África do Sul, onde se matriculou na Universidade da Cidade do Cabo, com um nome falso para evitar a cadeia. Mas, três anos depois, foi descoberto e expulso do país. Cumpriu pena na Alemanha.
 
Pouco depois de ser colocado em liberdade, terá sido apanhado nas redes do tráfico de cocaína. Foi detido e condenado a dois anos de cadeia, com pena suspensa.
 
Mas, de acordo com os jornais, o seu cadastro inclui ainda condução sem carta e agressões físicas. 
 
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