Catalunha: Puigdemont assegura que irá formar governo apesar das ameaças - TVI

Catalunha: Puigdemont assegura que irá formar governo apesar das ameaças

  • ALM com Lusa
  • 22 jan 2018, 16:12

O líder separatista é procurado pela justiça espanhola, que o acusa de delitos de rebelião, sedição e peculato na sequência da tentativa de criar um estado independente

O independentista catalão, Carles Puigdemont, disse hoje num discurso na Universidade de Copenhaga que as forças independentistas irão “em breve” formar um novo governo regional, apesar das “ameaças” de Madrid.

Não nos vamos render face ao autoritarismo, apesar das ameaças de Madrid. Em breve, formaremos um novo governo” regional, afirmou Puigdemont numa conferência na capital dinamarquesa poucas horas depois do Parlamento regional anunciar que é o único candidato à presidência do Governo catalão (Generalitat).

Num discurso em inglês na Universidade de Copenhaga na sua primeira saída da Bélgica desde que fugiu de Espanha em finais de outubro, o ex-presidente do executivo regional estimou que “é hora de negociar”, “acabar com a repressão e procurar uma solução política”.

Madrid precisa de reconhecer que as forças independentistas ganharam as eleições que convocou [o primeiro-ministro espanhol, Mariando] Rajoy, e a governação ilegítima de Madrid na Catalunha deve acabar”, disse Puigdemont.

O líder separatista é procurado pela justiça espanhola, que o acusa de delitos de rebelião, sedição e peculato na sequência da tentativa de criar um estado independente.

O que está em jogo é a ideia de democracia em toda a Europa, não apenas no meu país”, sublinhou Puigdemont no discurso numa sala a abarrotar de gente.

O ex-presidente da Generalitat assegurou que a maioria dos catalães são “ainda pró-europeus”, mas advertiu que não podem fechar os olhos perante os “erros” da União Europeia, cujas instituições acusou de ter diferentes pesos consoante os países.

Puigdemont acusou o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, de “violar os direitos fundamentais” dos catalães e interrogou-se sobre se o apoio a Madrid dado pelas instituições comunitárias teria a ver com o facto de serem da mesma família europeia.

O executivo espanhol é apoiado pelo Partido Popular, de direita, pertencente à maior família política europeia, do Partido Popular Europeu.

O Supremo Tribunal de Justiça espanhol recusou hoje em Madrid o pedido do Ministério Público para voltar a emitir um mandado europeu de detenção contra o ex-presidente da Catalunha, aproveitando a sua deslocação à Dinamarca.

O juiz explicou que a deslocação de hoje de Puigdemont a Copenhaga tem precisamente o objetivo de "provocar uma detenção no estrangeiro" para poder responsabilizar o Estado espanhol pela sua ausência numa reunião do Parlamento catalão em que deverá ser investido Presidente do governo catalão.

Entretanto, o novo presidente do parlamento catalão, Roger Torrent, propôs também hoje em Barcelona o nome do líder separatista para voltar a dirigir o Governo da Catalunha, apesar de todos os obstáculos jurídicos que isso implica.

Numa declaração oficial, Roger Torrent sublinhou que a candidatura de Puigdemont é “absolutamente legítima”, tendo acrescentado que está “consciente da situação pessoal e judicial” do ex-presidente do Governo catalão.

O bloco de partidos independentistas tem a maioria dos assentos no parlamento da Catalunha e o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, avisou na semana passada que Madrid irá manter a sua intervenção na Catalunha no caso de Carles Puigdemont tentar regressar ao poder na região.

Se o ex-presidente regional regressar a Espanha será imediatamente preso e no caso de continuar em Bruxelas terá de ser investido à distância, o que os serviços jurídicos do parlamento regional já consideraram ser contrário à Constituição.

As eleições catalãs de 21 de dezembro foram convocadas pelo chefe do Governo espanhol no final de outubro, no mesmo dia em que decidiu dissolver o parlamento da Catalunha e destituir o executivo regional presidido por Carles Puigdemont por ter dirigido o processo para declarar unilateralmente a independência da região.

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