O Presidente do Sri Lanka, Maithripala Sirisena, anunciou, esta quarta-feria, ter ordenado a execução de quatro presos condenados por tráfico de drogas, o que põe fim a mais de 40 anos de suspensão da pena capital no país.
Segundo o Presidente, as sentenças já foram assinadas e os dias das execuções estão determinados, tendo a decisão sido já enviada às autoridades prisionais.
Maithripala Sirisena alegou que o narcotráfico se tornou uma ameaça séria no país, onde existem pelo menos 300 mil viciados em drogas e referiu que 60% dos 24 mil prisioneiros foram detidos por crimes relacionados com drogas.
As prisões do Sri Lanka estão preparadas para acolher 11 mil prisioneiros.
A última vez que o Sri Lanka executou um preso foi em 1976.
Atualmente, há 1.299 prisioneiros nos corredores da morte, incluindo 48 condenados por crimes associados a drogas.
As autoridades prisionais já deram início ao processo de recrutamento de dois carrascos, depois de dois outros terem abandonado os cargos sem chegar a enforcar ninguém.
De acordo com as autoridades, há 26 pessoas numa lista para exercer o cargo, estando a decisão marcada para a próxima sexta-feira.
O tráfico de drogas é um crime capital no Sri Lanka, país que as autoridades acreditam ser usado como um eixo de revenda mundial.
Vários grupos de defesa de direitos e governos estrangeiros, incluindo da União Europeia, já criticaram Sirisena por querer reativar a pena de morte, alegando que não existem sistemas de justiça criminal perfeitos e que o risco de executar uma pessoa inocente nunca desaparece por completo.
Sirisena, que visitou as Filipinas em janeiro, elogiou a repressão do Presidente Rodrigo Duterte às drogas ilegais, que considerou como "um exemplo para o mundo".
Milhares de suspeitos, a maioria dos quais pobres e urbanos, foram assassinados desde que Duterte assumiu o poder, em 2016, com alguns grupos de defesa dos direitos humanos a denunciar o que dizem ser assassínios extrajudiciais.
O Sri Lanka é um país predominantemente budista, religião que defende a não-violência.
Sirisena disse anteriormente que o país tem tido influências positivas de todas as religiões, mas a força da lei é necessária para conter o crime e manter a ordem.
Em abril, a polícia destruiu publicamente 770 quilos de drogas apreendidas em 2016 e 2017.
Este ano, a polícia apreendeu 731 quilos de heroína, 1 quilo de cocaína e 1.607 quilos de canábis.
O Governo do Sri Lanka votou, em dezembro de 2018 na assembleia-geral das Nações Unidas, a manutenção da suspensão da pena de morte.
O ativista e secretário-geral da Amnistia Internacional (AI), Kumi Naidoo, pediu, numa mensagem pública, que o Presidente Sirisena suspenda os seus planos de reativar a pena de morte destes quatro condenados.
A organização já tinha alertado que, segundo os meios de comunicação locais, as execuções poderiam começar durante a Semana Nacional de Erradicação de Drogas, que teve início na passada sexta-feira e termina em 01 de julho.