"Não vamos parar até devolver Julen aos pais" - TVI

"Não vamos parar até devolver Julen aos pais"

A carta emocionada de um agente da Guardia Civil que participa nas operações de resgate

A missiva foi escrita nas imediações do furo onde caiu Julen no passado dia 13 pela mão de um agente da Guardia Civil que participa nas operações de resgate e enviada ao jornal local Sur. 

Na carta, o agente, que se identifica apenas como "um guarda como outro qualquer que está a dar a sua melhor versão em Totalán", diz que quis dar "o testemunho do lado humano do que está a acontecer porque isto passa muitos limites".

"Fui um dos que, por questões de proximidade, abandonei a minha família com o prato na mesa naquele fatídico domingo. (...) Como Guardia Civil e como pessoa reconheço que me estremeceu o coração nos primeiros minutos de desespero dos familiares mas, igualmente, sentia-me sobrecarregado com o que ia ouvindo pelo rádio. Tenho pouco tempo como profissional, mas o suficiente para me sentir pequeno perante a mobilização de todas as unidades de elite da Guardia Civil", começa por dizer.

Ao longo da carta, o agente vai elogiando o trabalho que tem sido feito para tentar chegar a Julen "nas melhores circunstâncias de segurança possíveis", através de invenções e tentativas.

"Não esquecerei o calafrio caloroso e as palpitações do meu coração ao ver o ecrã da câmara enquanto percorria [o túnel], tentativa após tentativa, pois o meu desejo era ver Julen e sabia que me viraria a chorar se isso acontecesse e, por outro lado nem sequer estava certo de querer que ele aparecesse nessas circunstâncias ou de valorizar a possibilidade de ele estar ali e de se abrir uma nova via de esperança".

O agente conta ainda os "momentos duros, de trabalho excessivo e tensão" que todos os operacionais vivem em Totalán e que ao longo dos dias têm dormido nos carros, ao frio, "para que a cabeça continue a funcionar".

"As palavras que me disse um companheiro depois de três dias de trabalho ininterrupto no furo nunca vou esquecer: 'aqui não vamos parar até o resgatar, isso está claro", acrescenta dizendo ainda que "infelizmente, todo esse esforço valeu de pouco". 

Ao fim de mais de uma semana de trabalho, o agente diz que todos se encontram com o corpo desfeito, mas "com o coração intacto e cheios de vontade" para chegar a Julen, dizendo que para isso contribuiu a "admirável progressão das emoções dos pais, desde o absoluto desespero até uma calma sossegada que se transforma num exemplo para quem os olha nos olhos".

"Perante isto, Espanha pode estar tranquila, porque os seus bombeiros, pessoal de emergência, Proteção Civil, psicólogos e Guardia Civil não vão parar até devolver Julen aos pais. Isso podem acreditar. (...) Desde Totalán sentimos o apoio de Espanha inteira, garanto-vos. Sintam vocês o nosso e contem sempre connosco".

Julen, de dois anos, caiu num furo de prospeção de água às 14:00 de dia 13 de janeiro e, desde então, uma centena de pessoas participam da operação de resgate da criança.

Na passada quarta-feira, as autoridades espanholas localizaram vestígios biológicos que permitem ter a certeza de que o pequeno Julen está mesmo dentro do furo. 

Na terça-feira, a justiça espanhola abriu uma investigação para conhecer as circunstâncias exatas em que o bebé de dois anos caiu no furo. Esta quarta-feira, a equipa de mineiros prepara-se para entrar no túnel paralelo e descer até aos 60 metros, zona onde vai escavar a galeria horizontal que os deverá levar até Julen.

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