Myanmar: manifestantes ignoram lei marcial e continuam protestos - TVI

Myanmar: manifestantes ignoram lei marcial e continuam protestos

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  • 9 fev 2021, 07:37

As grandes manifestações surgem após o governo militar ter acusado o movimento de prejudicar a estabilidade, segurança e o Estado de Direito do país.

O movimento de desobediência civil em Myanmar contra a junta militar que tomou o poder prosseguiu esta terça-feira em todo o país, apesar da lei marcial decretada na véspera na tentativa dos militares evitarem protestos.

A polícia montou postos de controlo esta manhã (hora local), em várias pontes e estradas que levam ao centro de Rangum, a antiga capital e cidade mais populosa do país, cenário desde sábado de grandes manifestações contra o Governo militar, lideradas pelo general Min Aung Hlaing.

Milhares de pessoas conseguiram contornar os dispositivos e estão concentradas em zonas fortemente protegidas pela polícia.

Em outras cidades do país, como Mandalay - a segunda maior cidade em termos de população -, Bago e a capital, Naypyidaw, registaram-se também grandes concentrações.

As autoridades utilizaram canhões de água na capital, como fizeram na véspera, contra os manifestantes, noticiou o portal Myanmar Now, com um balanço provisório de pelo menos três feridos.

A junta militar impôs a lei marcial em várias cidades e distritos de Rangum na segunda-feira, em resposta às manifestações, e proibiu ajuntamentos de mais de cinco pessoas, decretando ainda um recolher obrigatório noturno, entre outras medidas.

O anúncio veio depois dos militares, através do canal de televisão estatal MRTV, ameaçarem tomar medidas contra os manifestantes, acusando-os de prejudicarem a estabilidade, segurança e o Estado de Direito do país.

No primeiro discurso à nação, na segunda-feira, Min Aung Hlaing apelou aos birmaneses para se manterem "unidos como um país" e para olharem "para os factos e não para as emoções", ao mesmo tempo que justificou o golpe militar com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro.

Dezenas de milhares de pessoas ocuparam as ruas do país desde sábado para protestar contra a tomada do poder pelo Exército - que já governou Myanmar com mão de ferro entre 1962 e 2011 -, e exigir a libertação dos líderes democráticos detidos, incluindo a Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.

Pelo menos 170 pessoas foram detidas, a grande maioria políticos e membros do partido governante da Liga Nacional para a Democracia (NLD) de Suu Kyi, incluindo 18 que já foram libertados.

A NLD, no governo desde 2016, venceu claramente as eleições gerais de novembro, mas os militares afirmam que esses resultados foram manipulados.

 

Autoridades tentam travar protestos com balas de borracha e gás lacrimogéneo

Canhões de água, balas de borracha e gás lacrimogéneo: a tensão continua a aumentar em Myanmar no quarto dia de grandes manifestações em todo o país contra o golpe de estado de 01 de fevereiro.

Em Naypyidaw, a capital, a polícia disparou balas de borracha contra manifestantes, de acordo com testemunhas.

Antes, a polícia tinha recorrido a canhões de água contra um pequeno grupo de manifestantes que se recusava a dispersar junto a um bloqueio de estrada das forças de segurança.

Em Mandalay, a polícia utilizou gás lacrimogéneo "contra manifestantes que agitavam bandeiras da Liga Nacional para a Democracia [LND]", partido de Aung San Suu Kyi, disse uma residente à agência de notícias France-Presse (AFP).

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