Centenas de manifestantes conseguiram invadir o parlamento de Hong Kong, esta segunda-feira, no dia em que se assinala o 22.º aniversário da transferência de soberania para a China. As autoridades usaram gás lacrimogéneo para dispersarem manifestantes.
De acordo com a agência Reuters, manifestantes vandalizaram quadros, paredes e portas no interior do edifício. Muitos levaram vários objetos consigo como barras de aço e sinais de trânsito, com os quais conseguriam derrubar as barreiras de acesso e desmantelar uma grade de metal que protegia uma das janelas.
O governo de Hong Kong já reagiu, em comunicado, considerando a invasão um ato de "extrema violência", que afeta a segurança de toda a gente, segundo a agência AFP.
A polícia tinha divulgado um vídeo no qual prometeu responder com a "força apropriada" caso os manifestantes não abandonassem o parlamento, obrigando as autoridades a agir.
Imagens dos incidentes foram partilhadas nas redes sociais. Os utilizadores, entre os quais vários jornalistas, dão conta de que a invasão se deu, inicialmente, sem agentes da polícia por perto.
LegCo is breached. pic.twitter.com/0XabHs0GBI
— 𝕛𝕒𝕞𝕖𝕤 𝕘𝕣𝕚𝕗𝕗𝕚𝕥𝕙𝕤 🇭🇰🏴 (@jgriffiths) July 1, 2019
Protesters in the process of tearing LegCo apart. Police nowhere to be seen. Barricading some entrances, will be very difficult and dangerous to clear them. pic.twitter.com/BkurSpnov1
— 𝕛𝕒𝕞𝕖𝕤 𝕘𝕣𝕚𝕗𝕗𝕚𝕥𝕙𝕤 🇭🇰🏴 (@jgriffiths) July 1, 2019
Inside the legislative chamber. pic.twitter.com/6fSzXwo5YC
— 𝕛𝕒𝕞𝕖𝕤 𝕘𝕣𝕚𝕗𝕗𝕚𝕥𝕙𝕤 🇭🇰🏴 (@jgriffiths) July 1, 2019
Protesters are now swarming inside Legco. Police (who were in this very spot before) nowhere to be seen. pic.twitter.com/qLDD7kpFeO
— Antony Dapiran (@antd) July 1, 2019
BREAKING Dozens of HK protesters have entered the Legco chamber pic.twitter.com/Cl5nd3f4sF
— Phila Siu (Bobby) (@phila_siu) July 1, 2019
O advogado do movimento pró-democracia Fernando Cheung fala numa "armadilha". Cheung afirmou, em declarações ao jornalista da CNN James Griffiths, que a polícia podia ter afastado os manifestantes facilmente, mas que, pelo contrário, permitiu que isto acontecesse.
Isto é uma armadilha e tenho pena que as pessoas tenham caído nela", vincou.
“This is a complete trap, I’m sorry that people played into it,” pro dem lawmaker Fernando Cheung says inside the chamber. Says police could have easily cleared protesters earlier but allowed this to happen. pic.twitter.com/ODrInQX464
— 𝕛𝕒𝕞𝕖𝕤 𝕘𝕣𝕚𝕗𝕗𝕚𝕥𝕙𝕤 🇭🇰🏴 (@jgriffiths) July 1, 2019
A invasão aconteceu depois de cinco horas marcadas por confrontos entre a polícia e os manifestantes, na entrada do Conselho Legislativo. As autoridades recorreram mesmo a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
Polícia avança contra manifestantes
As autoridades chegaram, entretanto, ao lugar onde decorrem as manifestações. Cerca das 16:00 horas, meia-noite em Hong Kong, a polícia de intervenção entrou no parlamento para afastar o movimento reivindicativo.
De acordo com a BBC, vários manifestantes foram vistos a fugir à medida que os agentes avançavam.
A polícia fez, entretanto, um cordão humano à volta do edifício.
A antiga colónia britânica tem sido palco de manifestações de dimensão histórica ao longo das últimas três semanas. Os manifestantes exigem a retirada de uma proposta de lei que permitiria extradições para a China continental.
Esta segunda-feira, estima-se que cerca de 550.000 pessoas tenham saído à rua em protesto.
Os manifestantes dizem que o governo de Hong Kong não tem respondido às suas exigências de retirada completa de legislação de extradição contenciosa e de demissão da chefe do governo, Carrie Lam.
Esta segunda-feira, Lam tinha prometido que faria mais esforços para atender às vozes dos jovens que nas últimas quatro semanas se têm manifestado a favor de mais democracia e direitos cívicos.
Percebi que, enquanto dirigente política, tenho de me recordar da necessidade de entender os sentimentos públicos, com rigor”, disse Carrie Lam aos jornalistas, enquanto os manifestantes continuavam a exigir a sua renúncia.
A 1 de julho de 1997, Hong Kong, há 156 anos sob domínio britânico, regressava à soberania chinesa. Tal como aconteceu em Macau, dois anos depois, a transferência de soberania decorreu sob o princípio 'um país, dois sistemas', precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.