O ex-primeiro-ministro socialista francês Manuel Valls anunciou esta terça-feira que vai ser candidato às legislativas de junho pelo novo partido do presidente eleito, Emmanuel Macron, sublinhando que o Partido Socialista “não tem futuro”.
O Partido Socialista está morto. Ficou para trás, não representa a sua história e os seus valores”, algo que está “à vista de todos”, disse Valls numa entrevista à estação de rádio da cadeia RTL.
"Não a sua história e os seus valores, mas tem de superar-se. Não vai acontecer de repente. O Partido Socialista vai fazer um balanço, olhar para a sua história e decidir o caminho para o futuro. Agora o essencial é dar uma maioria clara e coerente a Emmanuel Macron para que ele possa governar", acrescentou.
"Je souhaite m'inscrire dans La République en marche", annonce @manuelvalls dans #RTLMatin pour les #Legislatives2017 pic.twitter.com/etiZCyGRBf
— RTL France (@RTLFrance) 9 de maio de 2017
Valls afirmou que vai ser “candidato da maioria presidencial” através do República em Marcha, o novo partido recentemente constituído por Macron que serviu de base política às presidenciais do passado domingo. O ex-primeiro-ministro explica que não se trata de uma mudança radical nas ideias que defende:
Porque eu sou um republicano. Sou um homem de esquerda, continuo a ser socialista. Não reneguei 30 anos de compromisso da minha vida política. Porque eu também exerci responsabilidade, sei que governar a França é difícil. Quero o sucesso de Emmanuel Macron", explicou.
“Falemos francamente: revemo-nos na maior parte das propostas do projeto de Emmanuel Macron, sim ou não? Sim”, respondeu Valls à própria pergunta.
À espera de investidura
O porta-voz do República em Marcha alertou que a inscrição do ex-primeiro-ministro no partido tem de ocorrer num espaço de 24 horas. Em declarações à estação de rádio Europe 1, Benjamin Griveaux, sublinhou assim que a comissão nacional de investidura ainda não deu posse a Manuel Valls.
Jean-Paul Delevoye, responsável da comissão de investiduras, precisou que, “neste momento existem 500” candidatos.
“Portanto, estamos a trabalhar, a comissão vai reunir-se uma última vez para terminar esta lista e quinta-feira de manhã estaremos a postos”, afirmou em declarações à France 2.
Numa outra reação, Christophe Castaner, porta-voz do presidente eleito, disse que "progressistas da importância de Manuel Valls quererem juntar-se a nós é uma boa notícia".
Em entrevista à France Info, Castaner acrescentou que, para poder se poder inscrever no República Em Marcha, Manuel Valls terá de passar pelo processo da comissão de investidura, como qualquer outro candidato.
"Il faut déposer une candidature #laRepubliqueEnMarche. C'est le même protocole pour tous." #8h30Aphatie #Valls pic.twitter.com/KNrbdXIOSL
— Christophe Castaner (@CCastaner) 9 de maio de 2017
"Não há que fazer diferenças em relação ao passado de um ou outro", justificou, antes de insistir na ideia de que "os privilégios devem ficar para trás".
Valls candidat EM aux législatives ? "Il doit faire acte de candidature (...) la République des privilèges est terminée" répond @CCastaner pic.twitter.com/VQOFCKKTdY
— franceinfo (@franceinfo) 9 de maio de 2017
De qualquer forma, o porta-voz de Emmanuel Macron reconheceu que Manuel Valls "tem todas as possibilidades" de ser investido, tendo em conta o caminho que tem feito, e, especialmente, por "decidir deixar o Partido Socialista".
Emmanuel Macron, um candidato centrista, venceu no domingo a segunda volta das presidenciais francesas, com 66%, derrotando a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen (34%).