Terrorismo aqueceu debate que Macron venceu - TVI

Terrorismo aqueceu debate que Macron venceu

  • Atualizada às 23:24
  • 3 mai 2017, 21:40

Candidata de extrema-direita manteve-se sempre ao ataque. Quando acusou Macron de ser complacente com o terrorismo, a contenda ferveu. Sondagens dizem que ele foi mais convicente para 63% dos franceses

"Um debate impossível", foi como jornal Le Monde se referiu inicialmente ao confronto entre os dois candidatos, que seguiu em direto através da sua página na internet, como tantos outros dos mais importantes meios de comunicação social franceses.

Marine Le Pen, desde o início, atacou sem piedade Macron. Por tudo e tudo fazendo para o responsabilizar pelos cinco anos de governação de François Hollande, de quem foi ministro da Economia.

Macron, confortável com uma vantagem clara nas sondagens que lhe dão valores da ordem dos 60%, remeteu-se à defesa, interrompendo e acusando sistematicamente Le Pen de tentar enganar os milhões de eleitores que seguiam o confronto através da televisão francesa.

O senhor Macron é o candidato da globalização selvagem, da ‘uberização’, da precariedade, da brutalidade social, da guerra de todos contra todos, da pilhagem económica dos nossos grandes grupos, do desmembramento da França pelos grandes interesses económicos, do comunitarismo”, acusou Marine Le Pen, a dada altura do debate.

 

A sua estratégia é dizer muitas mentiras”, foi a resposta à letra de Emmanuel Macron.

O debate, além das estações de televisão onde foi transmitido, foi igualmente seguido pelos aparelhos das campanhas, que aproveitaram as redes na internet, caso do Twitter, para realçar os melhores momentos dos candidatos.

Terrorismo aquece a contenda

Após a abordagem de questões internas de França, como a idade de aposentação - que Le Pen promete colocar nos 60 anos de idade - o confronto tornou-se mais ríspido com as questões da segurança interna, quando a candidata da extrema-direita acusou Macron de ser "complacente com o fundamentalismo islâmico".

Você não tem projeto, mas tem uma complacência com o fundamentalismo islâmico", acusou Le Pen, acrescentando ser  necessário "atacar a raiz do mal: perante a expansão do fundamentalismo islâmico no nosso território, há que expulsar os pregadores do ódio".

 

Não diga parvoíces e fale do seu projeto", foi a reposta pronta de Macron.

Marine Le Pen manteve a insistência, considerando haver organizações em França que fomentam o fundamentalismo islâmico.

Há que erradicar a ideologia e o fundamentalismo islâmico no nosso país e você não o fará porque está submetido elas [organizações]", insistiu Le Pen.

O maior sonho dos jihadistas é qeu Marine Le pen chegue ao poder em França, já que eles procuram a radicalização e a guerra civil que você traz para este país", rebateu Macron.

Europa e euro

Prometendo um referendo sobre o papel da França e a União Europeia em setembro, Marine Le Pen defendeu o que chamou de uma Europa de Nações soberanas.

Os povos vão conservar a sua liberdade de decidir por si próprios, terão o controlo sobre as suas fronteiras, a sua moeda", afirmou, acrescentando que "o euro teve consequências brutais sobre o poder de compra dos franceses, provocando uma explosão dos preços".

 

Macron aproveitou a deixa e questionou a adversária sobre se defendia o fim do euro. Le Pen disse querer "uma moeda nacional" e uma "outra moeda que servirá para pagar aos bancos centrais e às grandes empresas".

Uma ideia de duas moedas que Macron disse não entender, para responder de pronto que a saída do euro é "um projeto mortífero e perigoso".

Vitória no debate

O debate entre Macron e Le Pen foi o único antes da segunda volta das presidenciais, no próximo domingo. Um primeiro estudo de opinião feito pela empresa de Elabe para a estação de televisão BFM TV veio dar conta que 63% dos franceses acharam Macron mais convincente do que Marine Le Pen.

O estudo revela ainda que dois terços do eleitorado que na primeira volta votou em Jean-Luc Mélenchon, o candidato mais à esquerda, também preferiu o candidato do centro à representante da extrema-direita. Tal como 58% dos que votaram no republicano François Fillon.

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