Itália reitera fecho dos portos a migrantes e exige solidariedade europeia - TVI

Itália reitera fecho dos portos a migrantes e exige solidariedade europeia

  • 12 jun 2018, 17:10
D. Francisco de Almeida - Marinha Portuguesa

A decisão foi anunciada pelo ministro do Interior, Matteo Salvini

O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, afirmou hoje que Itália não vai permitir o desembarque de navios de organizações humanitárias que socorram migrantes no Mediterrâneo e exigiu que a solidariedade seja partilhada com outros países europeus.

“Nunca negámos o princípio da solidariedade, da generosidade. Simplesmente, a partir desta semana, deixámos de o exercer sozinhos”, disse Salvini à imprensa.

Questionado sobre se o Governo italiano vai impedir os navios de organizações não-governamentais (ONG) que resgatam migrantes das águas do Mediterrâneo de entrar nos portos italianos, como ocorreu esta semana com o navio Aquarius, o ministro respondeu positivamente.

“A postura firme que tomámos em relação a esta ONG será a mesma que assumiremos no futuro. Há outras embarcações estrangeiras e teremos com elas a mesma postura em situações futuras”, afirmou.

“A ONG alemã com bandeira holandesa que navega no Mediterrâneo em busca de migrantes terá a mesma resposta. Os Estados fazem o trabalho dos Estados, os privados fazem o seu”, disse, referindo-se ao navio Sea Watch, fretado por uma ONG alemã.

Salvini frisou que o seu objetivo é “que não haja associações de origem duvidosa a transformar Itália num campo de refugiados”.

O ministro prosseguiu assegurando que Itália continuará a cumprir a sua parte no resgate de migrantes com navios da Marinha e da Guarda Costeira, mas que os restantes países da UE têm a obrigação de ajudar na gestão da crise migratória.

“Nós fazemos o que nos cabe, o que é justo, Espanha começou a fazer a sua parte, amanhã [quarta-feira] vou falar com o ministro francês, com o ministro alemão e com o Governo maltês, que tem um comportamento inaceitável”, disse.

“A Guarda Costeira e a Marinha vão continuar a salvar vidas, como sempre fizeram, mas os outros países têm de ajudar”, acrescentou, frisando que Itália não quer dinheiro mas “ajuda concreta”, designadamente a recolocação dos migrantes resgatados.

As declarações de Salvini foram feitas no âmbito do caso do navio Aquarius, da ONG francesa SOS Mediterranée, que transporta 629 migrantes resgatados do Mediterrâneo ao longo do dia de sábado, entre os quais 123 menores, 11 bebés e sete grávidas.

No domingo, o navio foi proibido de atracar em Itália e, depois, em Malta, situação que só foi desbloqueada na segunda-feira com a oferta do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de acolher o navio em Valência (leste).

Itália e Grécia são os principais países de chegada de migrantes que atravessam o Mediterrâneo com destino à União Europeia (UE).

Segundo a Organização Mundial das Migrações (OIM), entre 1 de janeiro e 6 de junho de 2018, 13.808 migrantes chegaram por mar a Itália, 11.236 à Grécia e 8.309 a Espanha.

O atual sistema de asilo da UE assenta no chamado Protocolo de Dublin, segundo um qual os pedidos de asilo devem ser analisados no Estado pelo qual o refugiado entrou no espaço europeu.

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