Um cirurgião plástico foi ouvido em tribunal, na última quinta-feira, enquanto operava um paciente. Aconteceu durante uma audiência sobre um incidente de trânsito, em Sacramento, na Califórnia.
O médico, Scott Green, apareceu na audiência por videoconferência por Zoom, equipado e na sala do bloco operatório. De acordo com o jornal local Sacramento Bee, ao ver que o médico estava a operar, o juiz questionou-o se se considerava em condições para prosseguir com a audiência. Scott Green respondeu que sim, até porque tinha “outro cirurgião aqui ao lado a operar comigo”.
Já antes de entrar na audiência, transmitida em direto no YouTube, o médico tinha sido questionado por um oficial de justiça:
- “Olá, sr. Green? Está pronto para o julgamento? Parece que se encontra numa sala de cirurgias.”
- “Sim, senhor. Estou, de facto, numa sala de cirurgia. Sim, estou disponível para o julgamento. Pode prosseguir.”
O oficial de justiça foi alertado que a audiência iria ser transmitida em direto, já que, por lei, na Califórnia, os julgamentos sobre incidentes de trânsito tê de ser abertos ao público.
I don’t do med-mal but hot damn pic.twitter.com/fT97gafuko
— Lawyer Cat* (@LawyerCat_) February 27, 2021
Scott Green pareceu não se importar com isso e, enquanto aguardava que o juiz entrasse em sala, continuou a operar o paciente.
Assim que o juiz Gary Link entrou na sala, não escondeu a surpresa: “Bem… a menos que esteja enganado, estou a ver um arguido que está no meio de um bloco operatório e parece estar ativamente emprenhado na prestação de cuidados a um doente. Estou correto, senhor Green? Ou devo chamar-lhe doutor Green?”
Depois de o cirurgião confirmar que estava a operar e que não se importava de continuar a audiência, foi o juiz quem preferiu adiar o julgamento.
Não me sinto confortável, até pelo bem-estar do doente, que esteja a operar enquanto eu o estou a julgar, apesar de ter aqui ao meu lado o agente da polícia que o autuou.”
O médico ainda insistiu que era capaz de fazer as duas coisas ao mesmo tempo, mas o magistrado foi perentório: “Não creio e não creio sequer que seja apropriado. Vou reagendar a audiência para uma data em que não esteja ativamente envolvido na prestação de cuidados a um doente.”
A entidade equivalente à Ordem dos Médicos na Califórnia avançou, em comunicado, que vai averiguar as circunstâncias do incidente, acrescentando que “espera que os médicos prestem cuidados de saúde standard aos pacientes”.