O homem que viveu com os lobos passa frio no mundo dos homens - TVI

O homem que viveu com os lobos passa frio no mundo dos homens

Marcos Rodríguez Pantoja

Marcos Rodríguez Pantoja viveu 12 anos com aos animais. Aos 71 anos, 52 depois de ter sido resgatado, o homem que viveu com os lobos continua a passar dificuldades

Tem 71 anos e vive há 52 no meio dos homens. Marcos Rodríguez Pantoja, o homem que em menino viveu 12 anos no meio dos lobos, voltou à civilização há meio século, mas não se adapta ao mundo dos homens. 

Segundo conta o El País, o mogli de Sierra Morena teve um inverno duro, mais duro do que se tivesse passado o mesmo na gruta onde viveu durante 12 anos.

Mas comecemos do início. Marcos Rodríguez Pantoja tinha apenas três anos quando a mãe morreu e o pai passou a viver com outra mulher numa cidade diferente de onde tinha nascido. Aos sete anos, o pai e a madrasta levaram-no para a serra para ajudar um pastor que cuidava de 300 cabras mas, pouco depois, o pastor morreu e o rapaz ficou entregue à sua sorte.

Corria o ano de 1954 quando Marcos passou a viver numa gruta ao lado dos animais. Quando a Guardia Civil o encontrou, 12 anos mais tarde, o menino que já era um homem não sabia andar de pé e emitia sons ao invés de falar. E chorava porque “os animais também choram”. 

Ao sair da serra, Marcos sentiu-se atirado a um verdadeiro mundo de feras: o mundo dos humanos onde, este inverno, passou frio. Muito frio. Mais do que se estivesse na gruta onde viveu 12 anos e onde voltou depois de ter sido arrancado de lá.

“Mas é difícil. A sociedade é como uma droga, por uma coisa ou outra, vai-te prendendo”, afirma Marcos, que acabou por ficar a viver no meio dos homens que se riam dele por "não saber falar de política ou de futebol".

Pouco depois de o terem resgatodo, Marcos ainda voltou à selva, mas aquela que tinha sido a sua casa tinha mudado - "as lianas estavam partidas" e havia eletricidade a passar perto da caverna - e os lobos, mesmo que os chame, “respondem, mas não se aproximam”. 

Marcos tentou, então, adaptar-se ao mundo citadino e foi massacrado pelos homens que não o compreendiam: foi explorado, enganado e abusado pelas várias cidades onde passou. Até que encontrou um sítio em que foi visto como apenas mais um habitante. 

Na aldeia de Rante, em Ourense, para onde foi viver com a ajuda de um polícia galego, os vizinhos aceitaram-no como um dos seus. Juntamente com a organização Amig@s das Árbores da Limia, os vizinhos tentam ajudar Marcos a ter uma vida normal junto da sociedade e, atualmente, tentam angariar fundos para lhe comprar uma salamandra para que não passe mais frio e a tosse o largue de vez.

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