O negociador-chefe da União Europeia para o ‘Brexit’, Michel Barnier, garantiu hoje em Lisboa que, “se as linhas vermelhas do Reino Unido mudarem”, a UE mudará imediatamente o acordo de saída.
“As linhas vermelhas são do Reino Unido, não são nossas, e fecharam portas” na negociação do acordo de saída, disse Barnier na Assembleia da República, para defender o acordo já negociado como “o melhor possível”.
“Se o Reino Unido mexer nas linhas vermelhas, nós mexemos imediatamente, se quiser mais, estamos prontos”, assegurou.
O responsável europeu salientou que “todos os modelos [de relação] estão disponíveis”, mas frisou que “todos têm direitos e obrigações”.
“Respeitamos a vontade britânica e respeitamos as linhas vermelhas, como respeitamos o princípio do mercado único e da indivisibilidade das quatro liberdades”, afirmou.
O francês Michel Barnier está hoje em Lisboa para participar como convidado do Conselho de Estado e abordar "as perspetivas para as futuras relações com o Reino Unido".
Esta é a décima primeira reunião do órgão político de consulta do Presidente da República convocada por Marcelo Rebelo de Sousa desde que assumiu a chefia do Estado, em março de 2016, e a terceira que tem como tema central a saída do Reino Unido da União Europeia.
O Conselho de Estado realiza-se dois dias após o parlamento britânico ter reprovado o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia negociado pelo Governo da primeira-ministra Theresa May com Bruxelas, com 432 votos contra e 202 a favor.
O Conselho de Estado vai “ouvir uma exposição de Michel Barnier sobre a condução das negociações, a sua leitura da posição britânica e as pistas de futuro. E eu considero que isso é muito importante para Portugal e para a União Europeia”, explicou na quarta-feira Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado já anunciou também que vai convocar uma nova reunião do Conselho de Estado para 1 de março, com a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, para debater as repercussões mundiais do ‘Brexit’.