Temer gravado a autorizar pagamento de suborno - TVI

Temer gravado a autorizar pagamento de suborno

  • PP (atualizado às 08:44)
  • 18 mai 2017, 07:26

Informação foi avançada pela impresa brasileira. Prova terá sido entregue ao Ministério Público Federal. Um deputado já formalizou pedido de destituição do presidente

O Presidente do Brasil, Michel Temer, terá sido gravado pelos donos da empresa JBS, uma as maiores produtoras de proteína animal do mundo, autorizando o pagamento de um suborno ao ex-deputado Eduardo Cunha.

A informação foi divulgada na noite de quarta-feira pelo jornal O Globo, que adianta que a gravação teria sido entregue por Joesley Batista e Wesley Batista, irmãos e acionistas da JBS, que procuraram os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e o juiz Edson Fachin, que julga os casos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) para negociar um acordo de delação premiada (colaboração em troca da redução da pena).

A gravação citada pelo jornal brasileiro foi feita pelo empresário Joesley Batista num encontro que teve com Michel Temer no Palácio do Jaburu, residência oficial do Presidente brasileiro, no dia 07 de março.

Veja também:

Joesley Batista disse ao chefe de Estado brasileiro que estava a dar ao ex-deputado Eduardo Cunha e ao operador financeiro Lúcio Funaro uma mesada na prisão, para eles ficarem calados.

Segundo o jornal, Michel Temer terá respondido: "Tem que manter isso, viu"

No seu depoimento aos procuradores, Joesley Batista afirmou que não foi Michel Temer quem determinou o pagamento em troca do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, mas disse que o Presidente tinha pleno conhecimento da operação, apelidada por ele de "cala-boca".

Segundo o diário, na gravação, Michel Temer também teria dito a Joesley Batista que o deputado Rodrigo Rocha Loures seria responsável por resolver uma pendência da J&F (holding que controla a JBS) junto do Governo brasileiro.

Depois desta indicação, Rocha Loures foi filmado pela polícia brasileira a receber uma mala com 500 mil reais (142 mil euros) que foi enviada pelo empresário Joesley Batista.

O deputado Rocha Loures é muito próximo do chefe de Estado brasileiro, pois foi chefe de Relações Institucionais da vice-Presidência quando Michel Temer ocupava este cargo.

Após a destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff, Rocha Loures virou assessor especial da Presidência da República e, em março, voltou à Câmara Baixa, ocupando a vaga do atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio.

Presidente do Brasil nega

Michel Temer já veio negar a acusação através de um comunicado divulgado na noite de quarta-feira pelo Palácio do Planalto, que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio de ex-deputado Eduardo Cunha".

No comunicado, o chefe de Estado brasileiro afirma que "não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar"

Deputado formaliza pedido de destituição de Temer

Entretanto, o deputado brasileiro Alessandro Molon, do partido Rede, formalizou quarta-feira um pedido de destituição contra o Presidente do Brasil, na Secretaria-Geral da Câmara Baixa do parlamento.

O pedido aconteceu pouco depois da notícia avançada pelo jornal O Globo.

"Já protocolei um pedido de impeachment [destituição] de Michel Temer com base nesta denúncia, nessa delação [da JBS], que trata do pedido de manutenção do pagamento de suborno para Eduardo Cunha para que ele manter o seu silêncio", disse o deputado, num vídeo divulgado na rede social Facebook.

Alessandro Molon continua a afirmar que "[a gravação mostra que o Presidente] fere direta e claramente a lei de responsabilidade [usada para iniciar pedidos de destituição no Brasil], que diz que ter um comportamento incompatível com o decoro do cargo é causa para cassação do mandato".

É o primeiro pedido de destituição contra o chefe de Estado brasileiro com base na denúncia divulgada quarta-feira.

Manifestantes no centro de São Paulo

Também centenas de pessoas concentraram-se quarta-feira à noite no centro de São Paulo, no primeiro protesto organizado na sequência destas denúncias.

Os manifestantes empunharam cartazes e bandeiras a exigir a realização de eleições diretas, ao mesmo tempo que gritaram: "Fora [Michel] Temer", constatou a agência Lusa no local.

Senador brasileiro pediu suborno de 570 mil euros

Mas Temer não é o único visado na denúncia. O senador brasileiro Aécio Neves também terá pedido dois milhões de reais (570 mil euros) à empresa JBS para pagar aos advogados de defesa nos processos da Operação Lava Jato, noticiou ainda o jornal O Globo.

Candidato derrotado nas últimas eleições pela ex-Presidente Dilma Rousseff e atual presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que apoia o Governo de Michel Temer, o senador foi gravado por Joesley Batista, um dos donos da JBS, a pedir este montante como suborno, afirmou o diário.

Na gravação, Aécio Neves terá afirmado que ia mandar uma pessoa de confiança receber o dinheiro.

Continue a ler esta notícia